A produção do pescado regional caiu 40% com a seca do Rio Branco. A forte estiagem provocou a escassez de peixe e fez disparar o preço na Capital. A matrinxã, o pacu e o piau, por exemplo, que antes custavam até R$ 8,00 o quilo, agora não saem por menos de R$ 12,00. Mas o aumento mais significativo foi nos peixes de pele. O surubim e o filhote variavam entre R$ 12,00 e R$ 14,00. Agora o quilo é encontrado por até R$ 17,00.
O presidente da Colônia de Pescadores Z-1 de Roraima, Raimundo Sobrinho, de 70 anos, disse ontem, para a Folha, que está cada vez mais difícil sobreviver da pesca em Roraima. “A situação está difícil. O pescador agora mal tira para o sustento da família. O rio está muito seco e o pescado ficou escasso. Mas temos fé em Deus que o rio vai pegar água e a situação vai melhorar”.
Apenas na Colônia Z-1 são 872 pescadores associados. Seu Ribamar, pescador de 56 anos, morador do bairro 13 de Setembro, zona Sul, lamentou a situação pela qual passa com a seca do rio e a escassez do peixe. “Tem dia que eu pego um, dois ou três peixinhos. Não dá nem para alimentar a família. Tomara que comece a chover e o rio encha. Aí os peixes voltam”.
A escassez de peixe no rio reflete diretamente na mesa do consumidor roraimense. Um dos principais pratos da culinária nortista, o peixe agora dificilmente é encontrado nas bancas e feiras-livres da Capital. Quando tem o produto, o consumidor desiste da compra por causa do preço.
Nas bancas de peixe da área Francisco Caetano Filho, o popular Beiral, no Centro, a procura por peixe era fraca ontem à tarde. Vendedores também alegaram a mesma coisa: o peixe regional ficou escasso e isso fez o preço disparar. No isopor, apenas tambaqui de cativeiro, de R$ 8,00 o quilo.
“O movimento caiu pela metade porque não tem peixe. Só quem tem criadouro é que está vendendo. O problema é que o consumidor procura mais o peixe regional, do rio. É mais saboroso”, comparou um peixeiro, que preferiu não se identificar.
Mais de 70% do peixe consumido em Roraima, segundo o presidente da Colônia de Pescadores, vêm de Manaus (AM). Foi na produção regional, 30%, que houve uma queda acentuada nos últimos três meses, segundo explicou Raimundo. Nos supermercados da cidade, o tambaqui de cativeiro é encontrado com mais frequência. (AJ)