Novo ano, velhas dívidas. O primeiro trimestre é marcado por despesas que já são conhecidas pelos brasileiros e das quais não há como escapar: o pagamento de IPVA, IPTU, material escolar e, em muitos casos, rematrículas nas escolas particulares.
Diante de tantas contas a pagar, esse é, normalmente, o período em que o consumidor mais se aperta, já que tradicionalmente usa o 13º salário para pagamento de dívidas do ano anterior, para as compras de Natal e viagens, sobrando pouco, ou nada, para esses gastos obrigatórios.
De acordo com o professor de Economia de uma faculdade particular de Boa Vista, Dorcílio Erik, a dica para evitar dor de cabeça neste momento, e ter um ano inteiro de tranquilidade financeira, é planejamento.
“O ano se inicia já com fortes emoções financeiras. O ideal é que a pessoa tenha se preparado para essas despesas ao longo do ano que passou e guardado parte do 13º para custear essas despesas. Quem não fez, terá que abrir mão de um ou outro gasto para suprir esses gastos extas e passar o mês de janeiro.
Isso serve de lição para a pessoa se preparar neste ano para não passar aperto em janeiro do ano que vem”, destacou Erik.
Para o economista, colocar na ponta do lápis todos os gastos é o primeiro passo e um dos mais importantes. “Porque, nesse momento, ele vai visualizar toda a vida financeira dele, pontuando quanto que ele gasta com cada setor, como alimentação e transporte, por exemplo. E a partir disso, vai se programar para que o gasto não supere a renda”, afirmou.
Ao elaborar uma planilha orçamentária, Erik revelou que o cidadão irá perceber imediatamente que 25% do que ele gasta mensalmente é supérfluo, ou seja, é gasto com coisas desnecessárias. “No mínimo é 25%, mas há famílias que gastam muito mais com as ‘besteiras’ e acabam tirando do que é realmente sério e necessário”, pontuou.
“A partir desse momento, depois que esse mês perigoso passa, o importante é ser cauteloso e seguir o planejamento, porque se a pessoa não tem gastos maiores que os ganhos e ainda poupou um pouquinho durante cada mês do ano, com certeza, ao chegar em dezembro e janeiro do próximo ano, ela estará muito mais aliviada e poderá aproveitar todas as fases do ano sem dor de cabeça”, analisou o professor.
Dorcílio Erik afirmou que os grandes vilões do endividamento são os cartões de crédito e o cheque especial. A dica do economista é que essas contas sejam extintas e que, se for necessário usá-los, que seja para casos de extrema necessidade. “As pessoas acham que esse ‘crédito’ a mais é parte da renda, mas não é. Se elas gastam, elas têm que pagar. Só que essa consciência fica distorcida pela maioria dos consumidores”, disse.
Ele explicou ainda que o consumidor tem de tomar consciência de que, se 2015 não foi bom financeiramente, 2016 pode ser ainda pior. “Cada um deve fazer sua parte para amenizar sua situação”, afirmou. “Provavelmente vamos ter mais aumento de preços e será um ano mais difícil. Por isso a grande dica é parar de ser refém do cartão de crédito. Só assim você poderá distribuir corretamente a sua renda”, alertou.
“Resista às tentações de consumo neste início de ano, adie viagens, a troca de carro e concentre-se no pagamento das despesas inevitáveis. Gastar tudo em férias pode custar estresse ao longo do ano”, acrescentou.
O empresário e pai de família Victor Barbosa disse que é necessária muita disciplina para não cair no abismo financeiro. Ele adquiriu uma dívida de R$ 50 mil no ano passado e afirmou que, para este ano, já elaborou uma proposta de orçamento que o ajude a ir pagando as dívidas e também sustente a família de cinco pessoas e o seu comércio. “Chegava ao final do mês e eu tinha gastado mais do que tinha recebido. Teve uma hora que eu falei: chega! Foi então que eu sentei, coloquei tudo no papel e vi que ou eu fazia algo, ou aquilo só iria piorar”, lembrou.
Para isso, ele fez a promessa: planejar e executar o planejamento. “Antes mesmo desse ano começar, eu já tinha prometido a mim mesmo que iria mudar. Agora, farei de tudo para tirar esse peso das costas e me livrar dessa encrenca em que eu mesmo entrei. Percebi que sou eu que sei se o próximo ano será melhor ou não”, analisou Barbosa. (J.L)