Cotidiano

Imóveis abandonados viram criadouros

Até mesmo nas áreas centrais de Boa Vista imóveis abandonados representam riscos à saúde pública

Com a propagação do zika vírus, que atinge todo o País, as ações de prevenção tornaram-se indispensáveis e a população roraimense deve ter maior preocupação com a proliferação do mosquito Aedes aegypti, que é responsável não só pela transmissão do zika, mas também pela transmissão da dengue, da chikungunya e da febre amarela urbana. Entretanto, muitas pessoas deixam de tomar os cuidados necessários para combater o alastramento.

Por isso, é importante manter o ambiente limpo, tendo em vista que existem muitas casas e terrenos abandonados em todas as regiões da Capital. Porém até mesmo nos bairros centrais há inúmeros imóveis abandonados com mato alto e acúmulo de lixo, que contribuem para a proliferação do mosquito.

Na rua Oscar Ferreira, bairro São Pedro, perto do Centro, a dona de casa Maria de Fátima mora em uma casa ao lado de um terreno baldio. “O lote precisa ser limpo com urgência! Além de estar sujo, pessoas estão jogando cada vez mais lixo nele e isso acaba prejudicando a nossa saúde. As janelas dos banheiros e quartos sempre deixo fechadas, pois quando ficam abertas, muitos mosquitos adentram a casa”, disse.

Segundo ela, o dono deveria ter mais cuidado perante a situação do vírus zika. “A Prefeitura deveria exigir pelo zelo gratificando o responsável por isso. Caso não seja feito, pode aplicar multa, como acontece em outras cidades. Seria um caminho para que as ações funcionassem”, acrescentou. “Se o cidadão tem um terreno, ele deve construir, murar e limpar ou vendê-lo, pois não adianta você limpar o seu quintal e seu vizinho não fazer o mesmo com o dele”, destacou Fátima.

SEGURANÇA – Além de servirem de locais de proliferação de mosquitos, é uma situação que também prejudica a segurança dos moradores. A secretária Patrícia Alves, que trabalha em um escritório de advocacia na rua Coronel Mota, no Centro, localizado ao lado de um terreno abandonado, disse que é um ato de irresponsabilidade e falta de bom senso.

“O proprietário deve zelar não só por conta da saúde, mas também por uma questão de segurança. No domingo passado, algum indivíduo ergueu as câmeras de vigilância do escritório e ninguém sabe o que aconteceu. Por isso, é importante manter o lugar limpo para podermos observar o interior do quintal e não prejudicar a vizinhança e os comerciantes da região”, alertou.

PREFEITURA – Em nota, a Prefeitura de Boa Vista informou que o último levantamento do Ministério da Saúde sobre o índices de Aedes aegypti (LIRAa), nos municípios brasileiros, revelou Boa Vista como a Capital com melhor combate ao mosquito. A pesquisa mostra a situação das cidades brasileiras de acordo com três níveis de infestação: satisfatório, alerta e risco.

“Os dados apontam que 199 municípios do País estão em risco com a doença. Boa Vista não é um deles e aparece com índice satisfatório contra a dengue, zika e chikungunya. A prefeitura atribui o resultado às ações de saúde, coleta de lixo regular e intensificação da fiscalização dos terrenos baldios”, destacou. (B.B)

Terrenos baldios devem passar por limpeza ao menos três vezes ao ano

Conforme a Prefeitura de Boa Vista, de acordo com o Código de Postura do Município, a limpeza de terrenos baldios é de responsabilidade do proprietário e deve ser feita pelo menos três vezes ao ano. As equipes de fiscalização notificam o proprietário do terreno, que está sem manutenção, e dá o prazo de 15 dias para que seja realizada. Caso o responsável não faça a retirada do lixo no período estipulado, receberá multa no valor de 100 Unidades Fiscais do Município (UFM), equivalente a R$ 474,00.

Em 2015, a Prefeitura informou que retirou aproximadamente 50,7 toneladas de lixo domiciliar dos 53 bairros de Boa Vista. O número de resíduo recolhido foi ainda maior quando se tratou de entulhos e galhadas. Neste caso, foram aproximadamente 88,4 toneladas.

As multas para quem abandona, ou seja, não tem cuidados com o terreno, também teve mudanças e foi reajustada em 100%, de acordo com a nova lei aprovada no mês de outubro na Câmara Municipal de Boa Vista. O valor, que era de R$ 237,00, agora custa R$ 474.

Caso a população boa-vistense identifique terrenos sem manutenção, pode fazer denúncia ligando para o número telefônico da Central de Atendimento (156) ou ir à sede da Secretaria Municipal de Economia, Planejamento e Finanças, localizada na rua Coronel Pinto, nº 188, Centro.

Bebês de gestantes com suspeita de zika vírus começam a nascer em maio

Em dezembro de 2015 havia suspeita de que 36 gestantes tinham contraído zika. Este ano, segundo a Prefeitura de Boa Vista, com auxílio da Rede Municipal de Atenção Básica e das unidades de vigilância, foram detectados 10 novos casos de grávidas com suspeitas de contrair o vírus, ou seja, um aumento de 27%. No entanto, até o momento, nenhum caso de microcefalia foi registrado.

“São cerca de 30 mulheres monitoradas, algumas ainda aguardam os exames para confirmar se realmente contraíram zika. A gestão municipal pede cautela ao tratar do assunto e esclarece que monitora as gestantes realizando exames para confirmar se de fato os sintomas que apresentam são mesmo da doença”, afirmou a Prefeitura.

Os filhos das mulheres confirmadas com zika devem nascer a partir do mês de maio deste ano. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o monitoramento dessas gestações ocorre por meio de ultrassonografia e de coletas de exames laboratoriais durante o pré-natal. “As mães também são monitoradas por equipes de saúde da família, que fazem visitas residenciais”, ressaltou.

A microcefalia pode ser identificada a partir dos três primeiros meses da gravidez. Por isso a Saúde Municipal faz um alerta às mães e pede que elas procurem uma unidade de saúde para buscar informações caso sintam os sintomas. (B.B)