Concorrência força supermercados a baixarem preços na disputa por clientes

Implementada em Roraima no ano de 2008, a Área de Livre Comércio (ALC) de Boa Vista foi estabelecida com a finalidade de promover o desenvolvimento econômico da região. Desde então, os comerciantes contam com incentivos fiscais que deveriam refletir em produtos mais baratos ao consumidor. Porém, a realidade enfrentada pelo boa-vistense era outra. Com produtos caros, muitos optavam por compras nos países vizinhos e até mesmo em outros estados. 

Esse quadro vem se revertendo nos últimos meses. Com a instalação de um hipermercado, os consumidores de Boa Vista começaram a sentir a diferença nos preços. O resultado são supermercados e lojas fazendo promoções para atrair os clientes. A diferença de preço sentida pelo consumidor chega até 15%.

A mudança iniciou em novembro de 2014 com a chegada de grandes franquias e se fortaleceu com a instalação de um hipermercado há pouco mais de um mês. Com o anúncio dos preços, o consumidor percebeu a diferença em produtos de limpeza, higiene pessoal, entre outros. Esses novos estabelecimentos lotaram e o movimento nos demais diminuiu consideravelmente.

Para não perder os clientes, os supermercados baixaram os preços e anunciaram ofertas, abrindo a livre concorrência. Antes de fazer as compras do mês, a dona de casa Fátima dos Prazeres pesquisa o preço em encartes promocionais de supermercados. Ela reatou que no último mês percebeu uma redução no preço dos produtos de limpeza e de higiene pessoal.

“Com a abertura do hipermercado, os preços de algumas coisas baixaram bastante. Nas últimas compras economizei uns 15% só nestes itens. Antes eu comprava um desodorante aerossol por R$ 14,00 e hoje pago R$ 8,00”, relatou a consumidora.

Segundo ela, antes dos preços promocionais, ela costumava fazer as compras em Santa Elena de Uairén, na Venezuela, Norte do Estado, e em Lethem, na Guiana, a Leste. “Os preços nos países vizinhos ainda são bem mais em conta, mas a distância é um empecilho. Eu sempre pedia para amigos e familiares trazerem as coisas de lá para mim, mas prefiro comprar tudo aqui agora”, disse.

A funcionária pública Janice Moreira relatou que a redução de preços nos gêneros alimentícios foi baixa. “No hipermercado, itens como arroz, feijão, açúcar e farinha, estão mais baratos, porém a diferença dos supermercados é mínima. O arroz, por exemplo, custa cerca de R$ 2,20 no supermercado e R$ 1,90 no hipermercado. Com a diferença de centavos em cada item, economizo um bom dinheiro no final”.

Em relação a itens como carne e o frango, Janice relatou que estão mais em conta nos supermercados. “O ruim é que, no hipermercado, você não tem como selecionar o corte. Os pedaços já vêm em pacotes lacrados e, no supermercado, você escolhe a quantidade certa e acaba economizando”, disse.

Ela relatou que hortaliças, frutas, verduras e demais itens provenientes da agricultura estão com preços mais atrativos em supermercados. “Para economizar, eu compro esses itens separadamente. Nunca faço as compras do mês em um único estabelecimento. Para economizar, é preciso pesquisar”.

COBERTURA – Uma das táticas adotadas pelo comércio local é a cobertura da oferta do concorrente, quando o estabelecimento se propõe a cobrar um preço inferior pelo mesmo produto. Para tentar convencer o cliente que o preço realmente baixou, os supermercados e lojas de eletrodomésticos utilizam esse recurso.

Nestes casos, o cliente deve ficar atento ao Código de Defesa do Consumidor. Em Boa Vista, o Departamento Estadual de Defesa do Consumidor (Decon), o Procon Boa Vista e o Procon Assembleia, entidades que atuam na área, informaram que são poucos os casos registrados.

As três entidades informaram que, para ter o direito garantido, o consumidor deve ter em mãos a publicidade da oferta e os preços da concorrência registrados em fotos ou encartes promocionais. Com isso em mãos, o estabelecimento que se propôs a cobrir a oferta deverá cumprir com o anunciado. (I.S)