Cotidiano

Familiares de vítimas de triplo homicídio cobram que acusado seja expulso da PM

Dois meses depois do crime, Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra o soldado Felipe Quadros ainda não foi concluído na PM

O caso do triplo homicídio cometido pelo policial militar Felipe Quadros, em novembro do ano passado, ainda parece longe de ser solucionado. Dois meses após o crime que chocou os roraimenses, o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) instaurado contra o acusado ainda não foi concluído e ele continua nos quadros da Polícia Militar de Roraima (PMRR).

À época do crime, o governo informou que o Comando-Geral da PM havia requerido da Justiça a transferência do soldado para uma unidade prisional fora do quartel. A Folha apurou, no entanto, que Felipe permanece preso em uma cela separada na Corregedoria da instituição policial.

No mês passado, o Ministério Público de Roraima (MPRR) denunciou o policial militar tanto pelo triplo, como também pela tentativa de homicídio contra uma quarta vítima. Caso o pedido seja acolhido pela Justiça, ele responderá por homicídio qualificado previsto no artigo 121, parágrafo 2º, incisos I, III e IV e ainda, por tentativa de homicídio e será julgado pelo Tribunal do Júri, o que só poderá acontecer se o soldado for expulso da corporação.

Em meio a tantas dúvidas e incertezas sobre o rumo que o caso poderá tomar, familiares das vítimas procuraram a Folha, nesta semana, para cobrar agilidade da PM no processo de expulsão de Felipe.

A familiar de duas das vítimas, que preferiu não se identificar por temer a família do soldado, afirmou que a PM precisa mostrar que está decidida a punir o acusado. “Eles têm que mostrar que não está havendo corporativismo, como ocorreu antes, quando denúncias foram feitas contra o PM, pela nossa família e pela então namorada, mas nada foi feito, o que permitiu culminar com os assassinatos”, disse.

Período de defesa do policial encerra no dia 13 de janeiro

O Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) contra o policial militar Felipe Gabriel Martins Quadros, instaurado pelo Conselho de Disciplina da Polícia Militar de Roraima, foi concluído no dia 22 de dezembro do ano passado com o depoimento do soldado, acusado de triplo homicídio, acompanhado de advogado, junto ao Conselho de Disciplina da PM, presidido pelo major Ronaldo Eduardo Nascimento.

O Governo do Estado informou que, após a conclusão, foi aberto o pedido de vistas para a defesa do acusado com prazo de oito dias – que expira em 13 de janeiro. Terminado este prazo, o Conselho de Disciplina dispõe de dois dias para emissão de relatório com a conclusão final do PAD e encaminhamento ao comandante-geral da Corporação para apreciação e deliberação final.

JUSTIÇA – A assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR) informou que o processo contra o policial tramita na 1ª Vara do Júri Popular. A denúncia foi recebida pela Justiça no dia 26 de novembro passado, seguida da citação do réu para apresentar defesa por escrito sob pena de ter o processo encaminhado à Defensoria Pública do Estado.

Informou ainda que Felipe Quadros foi denunciado por homicídio qualificado e que, na mesma decisão que recebeu a denúncia, o TJ manteve a prisão do acusado. Após a apresentação da defesa prévia por parte da Defensoria Pública, serão agendadas audiências de instrução para ouvir as testemunhas de acusação e defesa.

Após a fase de instrução, o juiz decidirá se o réu irá ou não a Júri Popular. Somente após esta decisão, caso seja decidido, será agendada a sessão de julgamento pelo Júri Popular.

CASO – No dia 9 de novembro de 2015, o policial militar Felipe Quadros executou pai e filha, as vítimas Eliézio Oliveira e Jannyele Filgueira, respectivamente, em frente à residência das vítimas, na Rua dos Hibiscos, no bairro Pricumã, zona Oeste. Na ocasião, o policial usava pistola e colete à prova de balas pertencentes à Polícia Militar. Toda a ação foi gravada por câmeras de segurança do próprio local.

Após a execução das duas primeiras vítimas, o policial militar foi até o bairro Caimbé, também na zona Oeste, e assassinou o empresário Ernane Rodrigues, que morreu em frente à própria casa, na Rua Ruth Pinheiro. O PM ainda disparou tiros contra o vizinho do empresário, que tentou intervir na execução da vítima.

Para o MPRR, os crimes foram premeditados, mediante emboscada e por motivo fútil. O policial Felipe Quadros não aceitava o fim do relacionamento com a ex-namorada, que mantinha relação de amizade com as vítimas. (L.G.C)