O comerciante Idalino Moreira Viana, de 53 anos, popularmente conhecido como “Ceará do Coco”, morreu ao se envolver em uma troca de tiros com agentes da Polícia Federal (PF). O fato ocorreu na manhã de ontem, no Centro de Boa Vista, durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão relacionados à Operação Câmbio BVB.
De acordo com testemunhas, era por volta de 06 horas, quando os policiais chegaram à residência do comerciante, localizada na Avenida Getúlio Vargas, uma área comercial bastante movimentada. Os agentes da PF bateram na porta da residência de Ceará, que teria reagido de forma violenta, iniciando o tiroteio. Como se trata de um local de tráfego intenso, algumas pessoas registraram o tiroteio em vídeo, foto e áudio.
“Eram quatro policiais e eles bateram na porta. Como não houve resposta, eles decidiram arrombá-la. De repente, começou uma correria e tiros. Daí, ele [Ceará] já saiu atirando. Ele só parou quando caiu no meio-fio, provavelmente após ser baleado”, narrou uma testemunha momentos após o episódio.
Ainda de acordo com vizinhos que presenciaram a ação, o comerciante, conhecido também por trabalhar com câmbio de moedas estrangeiras, teria relatado algumas vezes que, caso fosse alvo de algum tipo de operação policial, só se entregaria morto, fato que acabou ocorrendo naquela manhã.
“Da porta, ele já começou a atirar em todos os policiais. Foi muito triste ver tanta troca de tiros. Parecia que era até uma guerra, muitos policiais no chão, atirando nele. Foi uma cena de terror para toda a vizinhança. O que a gente sabia era que o Ceará trabalhava com a venda de coco e com câmbio, mas foi muito triste ver tudo isso. Ele dizia que só sairia dali morto. Infelizmente aconteceu”, reforçou uma vizinha que não quis se identificar.
Ceará ainda chegou a ser socorrido por uma equipe de socorristas, mas acabou falecendo minutos depois. Por conta do tiroteio, parte da avenida teve de ser interditada. Alguns materiais foram recolhidos da residência. A família do comerciante foi para o local horas depois do ocorrido. Muito abalados, eles não quiseram conversar com a imprensa.
Polícia Federal investiga câmbio ilegal
Inicialmente, a Polícia Federal em Roraima teria cogitado a realização de uma coletiva de imprensa para explicar os fatos ocorridos na manhã de ontem, que resultou na morte de um dos investigados. No entanto, às 16h50, o órgão encaminhou para imprensa uma nota de esclarecimento sobre a ação.
Segundo a PF, a Operação Câmbio BVB se tratava de uma ação com intuito de desarticular esquema envolvendo práticas de crimes financeiros na Capital. Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão, além de três mandados de condução coercitiva, deferidos pela Justiça Federal, em Roraima, após representação do delegado que está à frente do inquérito policial.
Além de documentos, os policiais recolheram das residências investigadas cédulas de moedas como dólar Americano, dólar guianense, euro, bolívar e real. O valor total não foi informado para a imprensa.
TIROTEIO – A PF afirmou que, durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão e condução coercitiva, na Avenida Getúlio Vargas, houve uma troca de tiros que resultou na morte de Idalino Moreira Viana, de 53 anos, o Ceará do Coco.
Conforme a PF, o investigado foi alvejado após desferir vários tiros contra os policiais. Tanto a arma usada por Ceará quanto a dos agentes foram apreendidas para perícia. O órgão não especificou a quantidade de tiros disparados na ocorrência.
“O investigado foi atendido pelo Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], no local, e escoltado por policiais até o Hospital Geral de Roraima (HGR). A arma utilizada pelo preso foi apreendida e não possui registro. As armas dos policiais também foram apreendidas para perícia. O local foi isolado e houve trabalho pericial para instruir inquérito policial que apura os fatos. Os policiais não se feriram”, informou.
Os demais investigados na operação foram conduzidos para a sede da Superintendência da Polícia Federal, no bairro 13 de Setembro, zona Sul. Eles serão indiciados no artigo 16 da Lei 7.492/86, que prevê crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, podendo pegar até 20 anos de prisão. (M.L)