No Brasil, as vendas de carros novos caíram 26,55% em 2015, em relação ao ano passado, segundo informou Jean Rodrigues, gerente de uma loja de automóveis no Centro de Boa Vista, baseado em dados divulgados pela Federação Brasileira dos Concessionários, a Fenabrave, na quarta-feira, dia 06. Os dados mostram que foram emplacados 2.477,050 veículos zero km em 2015. Em 2014, foram 2.327,050 carros emplacados.
Em Roraima, a crise não chegou tão forte, mas também afetou o setor, que em 2015 registrou queda de 5% em relação ao ano anterior. Segundo afirmou Jean Rodrigues, em 2014 foram vendidos 5.247 carros novos, contra apenas 5.016 no ano passado. “Tivemos um reflexo bem menor que a crise nacional, mas sentimos o volume de vendas cair”, disse, acrescentando que os números divulgados têm como base os emplacamentos de todas as marcas vendidas no Estado e registrados no sistema do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran ).
“Alguns fatores, que aconteceram lá fora e que refletiram em Roraima, como a crise econômica e política, aumento do preço da energia, do combustível, entre outros, acabaram comprometendo o poder de compra das classes C, D e E, além do aumento da taxa de juros e, consequentemente, o aumento do risco de facilidade do crédito”, disse.
Para superar a crise, o gerente disse que vem colocando atrativos e condições e taxas diferenciadas, além de tentar manter a fidelidade do cliente com assistência técnica especializada. “Pois entendemos que o pós-venda é o grande ponto para as vendas futuras”, disse.
SEMINOVOS – Dono de uma loja de seminovos desde 2008, no Centro, Chardson Tavares disse que houve uma queda nas vendas sentida a partir de outubro do ano passado e, apesar de uma pequena recuperação em novembro de dezembro, fechou o ano com retração de 20% em relação a 2014.
“Sentimos a crise a partir de outubro, quando houve a greve dos bancos, e ainda não voltou ao patamar de antes, quando vendíamos, em média, de 30 a 35 carros por mês. Em outubro vendemos apenas 22 carros. Em dezembro, a venda começou a retomar o crescimento e vendemos 28 carros”, frisou.
Mas, para isso, ele disse que teve de tomar algumas medidas e mudar critérios, como diminuir a margem de lucro e abrir mais diálogo com o cliente. “Estamos recuperando as vendas, mas não o lucro, pois tivemos que abrir mão de algumas coisas na hora concluir a venda”, disse.
Para 2016, ele acredita que as vendas vão melhorar e, segundo disse, estes primeiros dias do ano vêm mostrando que pode aquecer o mercado, mas preferiu ser cauteloso. “Existe muita especulação sobre a crise. Enquanto não melhorarem os entendimentos políticos em Brasília, os juros podem continuar aumentando. E isso dificulta nosso trabalho, que dependemos dos bancos para financiar e, quanto mais autos os juros, mais difícil ficam as negociações. Está todo mundo reclamando dos juros”, disse, referindo-se a clientes e aos donos de lojas de seminovos.
Já o gerente Jean Rodrigues destacou que o mercado de seminovos é bastante promissor em Roraima e acredita que 2016 será um bom ano para vendas de usados. Em 2015, a média de vendas foi de 30 carros por mês. A meta para este ano é chegar de 35 a 40 carros por mês. “Mesmo com a crise, nossa meta é aumentar em pelo menos 20% as vendas de seminovos. Mantemos uma média de 40 carros no estoque, mas, para 2016, vamos aumentar para 90 e atender a necessidade de nossa clientela, que vem crescendo a cada ano”, disse.
Ele credita o crescimento nas vendas de usados devido ao preço do carro popular, que está, em média, R$ 35 mil, enquanto os seminovos saem a partir de R$ 25 mil. “Com isso, as classes C, D e E, que não conseguem o crédito para comprar um novo, têm mais facilidade para adquirir o seminovo, além de que tentamos fazer qualquer negócio. O que não pode é perder uma venda”, complementou.
FROTA – Segundo dados do Governo do Roraima, em 2014, a frota total no Estado era de 178.952 veículos. Desses, 39%, ou seja, 85.510, eram de motocicletas e o restante representava os demais veículos, como carros, caminhões, ônibus, tratores, dentre outros. Já em 2015, a frota chegou a 191.073 veículos, sendo 47,6% de motocicletas, ou seja, 91.138 motocicletas. Quanto aos novos emplacamentos, em 2014 foram 11.460 registros. Em 2015 foram 10.138, tanto motocicletas como demais veículos. (R.R)