Cotidiano

Inadimplência de roraimenses cresce 24,8%

Apesar do grande número de devedores, no ano passado aumentou em 55% o número de pessoas que quitaram suas dívidas no comércio

Dados divulgados pelo Departamento de Registros do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) da Associação Comercial e Industrial de Roraima (Acirr), apontam que o número de pessoas com crédito negativado no Estado aumentou 24,8% no ano passado em relação a 2014. Os dados mostram que foram lançados 3.629 novos registros de inadimplentes em 2014, contra 4.530 no ano passado. Foram 901 pessoas a mais que tiveram seus nomes incluídos na lista de inadimplentes.

Por outro lado, a Acirr divulga um dado positivo. No ano passado, 6.399 pessoas conseguiram sair da lista dos inadimplentes e reconquistaram o crédito no mercado. Isso representa um aumento de 55% em relação ao ano anterior, que apresentou 11.855 pessoas que conseguiram sair do SCPC.

Embora pesquisas divulgadas por órgãos de consumidores apontem que o cartão de crédito é o que mais tem dado dor de cabeça às pessoas em todo Brasil, principalmente pelos altos juros para quem atrasa ou paga apenas o valor mínimo, a chamada amortização, o diretor do SCPC da Acirr, João Pereira Barbosa Júnior, explicou que os dados mostram que as pessoas estão mais endividadas no Estado, porém as notificações não definem de onde vem a inadimplência.

“Sabemos que é um dado ruim para o Estado e mostra que as pessoas não estão sabendo ministrar sua renda e acabam se endividando pelos crediários diretos das lojas ou pelo uso do cartão de crédito. Não temos como definir claramente se a maioria da inadimplência é por cartão de crédito ou direto na loja”, frisou.

CONSULTAS – Já os registros de consultas de nomes junto ao SCPC na hora da compra, em 2015, caíram 5,8% em relação ao ano anterior. Os dados da Acirr apontam que foram 37.303 consultas em 2014 e apenas 35.241 em 2015. A consulta é feita na hora em que o cliente chega para fazer compras no crediário.

Para explicar essa queda, Júnior afirmou que houve uma retração nas compras do comércio. “Isso quer dizer que houve menos vendas no comércio, já que a consulta está ligada à abertura de novos créditos nas lojas”, disse. (R.R)

Especialista adverte sobre compras por impulso e no cartão de crédito

O endividamento com cartão de crédito é um dos principais perigos do orçamento doméstico, já que as taxas para uso do crédito rotativo do cartão atingiram em média 414% ao ano, segundo informou o economista Raimundo Keller. Ele adverte os usuários de cartão de crédito que evitem entrar na ciranda dos juros e sempre tentar pagar a fatura completa. Outro alerta é sobre as compras por impulso que, muitas vezes, acaba aumentando o endividamento com compras que poderiam ser evitadas.

“Com um juro nesse patamar, se pagar só a amortização, não tem como sair dessa ciranda. E o pior é que até a próxima semana o Banco Central deve anunciar um novo aumento dessa taxa de juros”, frisou, ao ressaltar que não se deve comprometer a renda familiar com compras no cartão e adverte que o cartão deve ser evitado nas compras do dia a dia. Orienta que deve ser utilizado apenas em compras de bens duráveis em parcelas que posam caber no bolso. “Para as compras parceladas, só tem vantagem se for sem juros. Mas isso deve ser negociado antes com o gerente da loja. Se houver juros não tem vantagem”.

BOLA DE NEVE – Para exemplificar casos dos altos juros para quem não paga a fatura completa do cartão, ele citou uma conta no valor de R$ 1 mil e o cliente só paga a amortização de 10% desse valor, ou seja, apenas R$ 100,00. “Se pagar o mínimo de 10%, que neste caso equivale a R$ 100,00, o valor restante para o próximo mês, já contabilizados os juros, será de R$ 1.250,00 para a próxima fatura. É dessa forma que a bola de neve vai crescendo e o usuário não consegue mais sair dessa ciranda de juros altos”, frisou.

Em um caso desses, o economista orienta que a pessoa procure um banco para contrair empréstimos e pagar a dívida do cartão. “Mas tem que negociar uma taxa de juros bem menor que a do cartão. Se for igual ou com pouca diferença de juros, estará apenas trocando uma divida pela outra”, afirmou.

Dicas para usar bem o cartão de crédito

Antes de usar o cartão, faça o planejamento financeiro e programe-se para saber quanto pode gastar de forma a ter dinheiro para pagar a fatura cheia na data do vencimento. Anote todas as despesas realizadas com o cartão de crédito para que saiba onde e com que mais gastou.

O extrato detalhado do cartão pode ser usado como um instrumento de controle para avaliar para onde o dinheiro vai. Lembre-se de que não são gastos “com” cartão, mas gastos “no” cartão, que é apenas um meio de pagamento, como dinheiro ou cheque.

Tenha um limite inferior a 50% da sua receita líquida para não gastar mais do que pode pagar.

Restrinja o número de cartões, respeitando o limite da renda. Ter muitos cartões pode fazer com que a pessoa se descontrole no orçamento, além do gasto adicional com anuidades.

Mas se contar com dois cartões, aproveite para ter duas datas diferentes de pagamento, de preferência com uma diferença de 15 dias entre elas. Isso possibilita uma melhor administração do dinheiro.

Informe-se sobre os programas de benefícios para obter milhagens e descontos em estabelecimentos.

Evite fazer saques. As tarifas cobradas para saques com cartão de crédito costumam ser elevadas.

Programe-se para usar o cartão com planejamento. Para as despesas miúdas do dia a dia, prefira dinheiro, que dói mais gastar.

Evite cartões de loja. Algumas lojas só permitem o pagamento da fatura dentro da própria loja, o que pode incentivar mais consumo desnecessário.

Faça pesquisas sobre a anuidade antes de contratar com o cartão de crédito. Verifique se é possível eliminar este pagamento.

Evite o rotativo. O cartão de crédito não é uma renda extra. Pagar apenas o rotativo pode tornar a dívida impagável. Se tiver dificuldades para quitar a fatura, é melhor tomar dinheiro emprestado no crédito pessoal, pagar o cartão à vista e parcelar esse novo empréstimo, que tem juros mais baixos.