O representante da empresa Pérola Agropecuária Ltda., Michael Vogel, procurou a Folha, ontem, para denunciar uma invasão que estaria sendo planejada para acontecer neste domingo, 17. A área fica na saída de Boa Vista, à margem do trecho sul da BR-174, entre o igarapé Grande e a lixeira pública, no bairro Airton Rocha.
Vogel denunciou que uma advogada estaria cadastrando os invasores e cobrando R$ 100,00 de cada um. O cadastro, segundo ele, está sendo feito em uma casa na Rua Arco-Íris, no bairro Raiar do Sol, zona Oeste, e já somam mais de 500 fichas. A denúncia foi feita na Polícia Civil.
Vogel mostrou, para a Folha, o título da terra, que pertence à empresa Pérola há mais de 50 anos, mas ele disse que a advogada estaria mentindo para as pessoas, afirmando que a terra teria sido cedida pelo Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima) a um empresário local, de forma fraudulenta, e que por isso o título não valeria. A advogada também estaria mentindo, dizendo às pessoas que seu marido é juiz, o que garantia certeza na conquista da posse da terra.
“Ela está agindo de má-fé e cometendo crime de estelionato. O advogado da empresa está agora [ontem à tarde], na delegacia, registrando o Boletim de Ocorrência. Vamos denunciá-la à Comissão de Ética da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil]. Esperamos que a polícia confisque essas fichas cadastrais fraudulentas e evite a invasão”, frisou o empresário.
A mesma área, que mede 1.200 hectares, já foi invadida três vezes – em 2009, 2011 e 2013 -, mas a empresa dona do imóvel entrou na Justiça e conseguiu as reintegrações de posse. Vogel também lembrou que a empresa vendeu 200 hectares para o governo construir o conjunto Pérolas do Rio Branco, que foi inaugurado no ano passado pela presidente Dilma Roussef (PT).
“Isso tudo comprova que a documentação que temos é legal. As terras pertencem à empresa Pérola. Portanto, alertamos para que essas pessoas não caiam neste golpe. Esta advogada já foi denunciada por cadastrar pessoas em outras invasões. Somente nesta última, estimamos que ela já ganhou R$ 50 mil com os 500 cadastros ilegais que fez, cobrando R$ 100,00 por cada pessoa”, denunciou.
No final da tarde de ontem, a Folha foi ao local da suposta invasão e constatou que o terreno está sendo preparado para a possível ocupação. Em alguns lotes, havia fogo no lavrado nativo, mas não havia ninguém na área.
“Só esperamos que a polícia prenda esta advogada e a área não seja invadida. É bom lembrar que a invasão foi marcada para acontecer neste domingo, mas esperamos que essas famílias não façam isso porque a terra tem dono. Temos toda a documentação”, avisou Vogel. (AJ)