Cotidiano

Caracaraí decreta situação de emergência

Por apresentar quadro agravante por causa da seca e das queimadas, Caracaraí se apressou em decretar a situação de emergência

A forte estiagem que castiga Roraima nos últimos meses já causou prejuízos a agricultores, pecuaristas e em algumas regiões prejudicou até mesmo o fornecimento de água para o consumo humano. Para combater a seca, a Prefeitura de Caracaraí, um dos municípios com o quadro mais agravante, já decretou situação de emergência, antes mesmo do decreto estadual, previsto para amanhã, dia 20.

A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado de Roraima (DOERR) do dia 06 de janeiro. Desde então, o município fica autorizado a adquirir com dispensa de licitação os bens e serviços necessários para ações de combate e prevenção, desde que possam ser concluídos no prazo máximo de cento e oitenta dias consecutivos e ininterruptos.

O secretário executivo da Defesa Civil, coronel Cleudiomar Ferreira, informou que a situação no município se agravou devido aos focos de calor. Somente nos primeiros quinze dias do mês, foram registrados cerca de 300. “Os rios e igarapés da região estão em nível crítico. O clima está seco e a umidade do ar baixa, o que facilita a propagação de incêndios”, explicou.

Ele relatou que, na semana passada, equipes do Corpo de Bombeiros atuaram no combate de focos de incêndio em algumas vicinais da região. “Essas queimadas descontroladas e sem autorização das instituições ambientais só ajudam a agravar ainda mais a situação de seca”, disse.

Caracaraí pode ser contemplado também no decreto estadual. Estão inclusos mais oito municípios que estão em situação crítica: Amajari, Alto Alegre, Normandia, Bonfim, Cantá, Caracaraí, Rorainópolis, Mucajaí e São Luiz.

“Nós analisamos toda a papelada enviada pelos prefeitos dos municípios do interior do Estado e, com base nestes documentos, em nossos relatórios e levantamentos, elaboramos um parecer técnico, que foi encaminhado para análise da Procuradoria-Geral do Estado”, disse o secretário executivo, ao informar que o decreto será publicado amanhã.

Ferreira informou que, até a publicação, continua atuando no combate aos focos de incêndio, que agravam a situação. Já a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) vem monitorando as regiões mais afetadas pela seca para subsidiar o plano de ações de combate à estiagem. (I.S)

Queimadas controladas podem ser suspensas na quinta-feira

Além de Roraima enfrentar a pior estiagem dos últimos 18 anos, muitos agricultores, fazendeiros e donos de lotes em áreas rurais estão efetuando queimadas descontroladamente. Somente no fim de semana, foram registrados 1,7 mil focos. Para evitar o agravamento da situação, o comitê estadual de queimadas irá se reunir, nesta quinta-feira, dia 21, para analisar a proposta de suspensão total das queimadas.

O Departamento de Recursos Hídricos da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado de Roraima (Femarh), umas das instituições que compõem o comitê, informou que as queimadas estão sendo efetuadas fora do cronograma estabelecido pelo órgão.

No fim de semana, apenas os proprietários de lotes localizados nos municípios de São Luiz do Anauá e Caroebe tinham permissão. Significa que todos os focos registrados em outras regiões são ilegais e os proprietários sujeitos a penalidades administrativas e judiciais, podendo pagar uma multa de até R$ 5 mil por hectare desmatado.

Como os focos de incêndio têm colaborado para o agravamento da situação de seca, que já é considerada a pior desde 1998, o comitê de queimadas estuda a possibilidade de suspender as autorizações em todos os municípios. A Femarh, Defesa Civil, Ibama, Corpo de Bombeiros e demais instituições que compõem o comitê, irão se reunir nesta quinta-feira para decidir isso.

Falta de manutenção contribui para incêndios às margens das rodovias

Na semana passada, o Corpo de Bombeiros atuou no combate a focos de incêndio às margens da BR-174 em trechos do sentido sul, em Caracaraí e Rorainópolis, e no sentido norte, em Boa Vista. A Defesa Civil afirma que as queimadas irregulares e a falta de manutenção da rodovia colaboraram para o problema.

O secretário executivo da Defesa Civil, coronel Cleudiomar Ferreira, informou que o primeiro fator foram as queimadas nas propriedades localizadas às margens das rodovias. “O produtor, antes de iniciar a queimada, deve fazer o acero, o isolamento da área a ser desmatada, para evitar que o fogo se espalhe, mas isso não vem sendo feito da maneira adequada”, disse.

Ele destacou que a atual situação climática tem colaborado para o agravamento da situação. “A umidade do ar está baixa e os ventos fortes. Então, a probabilidade de o fogo se espalhar é bem maior. Por isso, a recomendação é que o acero seja feito com atenção e cuidado redobrado”, afirmou.

Outro fator apontado por ele é a falta de manutenção da rodovia. Ele frisou que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) deve manter a vegetação às margens da rodovia cortada e baixa. “O mato alto ajuda o fogo a se propagar, então é necessário que seja roçado com frequência”, explicou.

O superintendente do DNIT em Roraima, Pedro Christ, informou que o órgão está sem recursos para manter os contratos de manutenção. “Realmente devemos fazer a roçada nas laterais da pista. No entanto, nós não temos condições de fazer com a mesma frequência que no Sul do país, onde a vegetação colabora para se ter uma grama rasteira”, disse.

Christ destacou que o DNIT enfrenta dificuldades para manter os contratos. “A quantidade de cortes que se tem por ano não é suficiente para manter essa vegetação baixa. Não temos como arcar com uma periodicidade maior. O que temos a fazer é recomendar que as pessoas com propriedades às margens da BR tenham responsabilidade na hora de efetuar queimadas”, destacou. (I.S)