Estados e municípios de todo o País ganharão reforços na luta contra o Aedes aegypti. A presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou, na semana passada, recurso extra na ordem de R$ 143,7 milhões para fortalecimento das ações de vigilância, prevenção e controle do mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus, em 2016.
Segundo o Ministério da Saúde, R$ 21,9 milhões serão destinados à Região Norte, beneficiando 450 cidades. Desse montante, R$ 827.075,93 serão distribuídos entre os 15 municípios de Roraima, somando ao orçamento aprovado pelo Governo Federal R$ 1,27 bilhão, destinado às ações de vigilância em saúde, e mais R$ 600 milhões destinados à Assistência Financeira Complementar da União para os Agentes de Combate às Endemias.
A medida tem como finalidade reunir esforços para o combate ao mosquito, convocando o poder público e a população para uma ampla mobilização nacional. Até o momento, o governo já mobilizou 19 ministérios e outros órgãos federais para atuar em conjunto nas ações, além da participação dos governos estaduais e municipais.
O Ministério da Saúde destaca que, com a adoção dessas medidas, as visitas às residências para eliminação e controle do vetor ganharam o reforço das Forças Armadas e de mais de 266 mil agentes comunitários de saúde, além dos cerca de 44 mil agentes de endemias que já atuavam regularmente nessas atividades. A orientação é para que esses grupos atuem, inclusive, na organização de mutirões de combate ao mosquito em suas regiões.
Em Roraima, em 2015, conforme a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), foram registrados 951 casos confirmados de dengue, 17 casos de chikungunya e 21 casos de zika vírus, sendo 18 em Boa Vista e três em Mucajaí. Com o agravamento da situação epidemiológica em todo o País pelo surto de microcefalia que pode estar relacionado ao zika, a secretaria tem adotado medidas que visam impedir o avanço da doença no Estado.
“Para combater o mosquito Aedes aegypti, a Sesau vai instalar uma sala para gerenciamento e controle das ações de combate aos vírus e definir diretrizes para intensificar o combate em todo o Estado, além de consolidar informações sobre o monitoramento diário e em tempo real dos indicadores do Aedes e dos casos de zika e de microcefalia”, ressaltou a Sesau, por meio de nota.
Segundo a secretaria, a criação da sala de gerenciamento irá proporcionar a articulação mais eficaz com outros órgãos, como a Defesa Civil, o Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) e outras secretarias, a fim de garantir que a meta de controle vetorial seja atingida.
“A Sesau está adquirindo 300 kits para agentes de endemias, 80 bombas costais para pulverização de larvicida em todos os municípios, além de dois aparelhos de ultrassonografia, para dar suporte ao diagnóstico de eventuais casos de microcefalia na Maternidade e no Centro de Referência de Saúde da Mulher. A expectativa é de que o processo seja finalizado nos próximos dias”, frisou.
Para auxiliar os municípios no que diz respeito ao diagnóstico das doenças na Atenção Básica, o Estado vem promovendo treinamentos junto aos municípios do Estado. Segundo a Sesau, já foram treinados, pelas equipes da Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde (CGVS), profissionais do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN), responsável por realizar cerca de 90% dos partos em Roraima.
Nesta ação, gestores, especialistas e profissionais de saúde recebem diversas orientações para promoverem a identificação precoce da virose e os cuidados especializados da gestante e do bebê. Novos treinamentos serão realizados para abranger outros aspectos da doença, principalmente junto aos profissionais do programa Mais Médicos, na Atenção Básica.
Para esta terça-feira, 19, está programada a realização de treinamento virtual para médicos, enfermeiros e técnicos que atuam na Estratégia de Saúde da Família (ESF). Ainda nesta semana, a secretaria lançará uma campanha publicitária para mobilização da sociedade no combate ao mosquito.
PREFEITURA – Considerada uma das capitais brasileiras com melhor índice de satisfação no Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), com 0,4%, Boa Vista deverá manter de forma regular as ações de eliminação de criadouros do mosquito.
Segundo a Prefeitura de Boa Vista, desde 2013 o município não registra surto de doenças relacionadas ao vetor, um fator atribuído ao trabalho das equipes de saúde e vigilância municipal, que atuam nas visitas domiciliares para identificar e eliminar possíveis criadouros.
Conforme frisou, este ano houve a antecipação das ações de combate ao Aedes aegypti, mobilizando não só profissionais da saúde, bem como homens do Exército. Nas últimas ações conjuntas, foram visitados 148 mil domicílios, nos quais foram eliminados 90 mil criadouros do mosquito.
“O trabalho em parceria com o Exército é essencial e preconizado pelo Ministério da Saúde. As Forças Armadas têm sido parceiras nas ações para avançarmos no combate do mosquito Aedes aegypti, protegendo a população”, ressaltou.
A Prefeitura conta com 145 agentes de combate a endemias. Um levantamento para a contratação de novos agentes para reforço do quadro atual está em andamento. Em relação ao recurso extra do Governo Federal, ressaltou que ainda está no aguardo do comunicado oficial do Ministério da Saúde. (M.L)
População de Roraima está sujeita a graves complicações
Quatro tipos de dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, foram encontrados no Brasil. O vírus tipo 4 não era registrado no país há 28 anos, quando em 2010 alguns casos foram notificados no Amazonas e em Roraima. Desde então, o Estado tem travado uma dura batalha contra o mosquito, que também transmite o vírus zika, chikungunya e febre amarela urbana.
A médica especialista em infectologia do Hospital Geral de Roraima (HGR), Alessandra Galvão, explicou que, por conta do surgimento de outras doenças ocasionadas pelo mesmo vetor, o risco de contaminação aumenta. “É um risco elevado. Hoje em dia, temos a questão do zika e da chikungunya, que são transmitidos pelo Aedes”, disse.
Além do risco iminente de dengue, a médica alertou que o vetor das doenças é causador de frequentes complicações. “São doenças arboviroses mais complicadas. Podem causar choques, hemorragias e até a morte. É importante a gente observar os números frequentes de complicações pela chikungunya, que é crônica, e a zika, que agora tem a questão da microcefalia”, explicou.
Conforme a infectologista, a dengue tipo 4 apresenta risco a pessoas já contaminadas com o vírus 1, 2 ou 3, que são vulneráveis à manifestação alternativa da doença. “Conforme a gente tenha uma segunda exposição por outro sorotipo da dengue, as complicações aumentam, podendo levar pessoas infectadas a desenvolver a dengue hemorrágica. Nesses casos, não há uma estimativa exata, mas o risco de morte é maior”, alertou.
Por conta dos casos, a médica afirmou que as doenças oferecem sérios riscos à população. “Aqui, em Roraima, temos os quatro sorotipos. A dengue é uma complicação aguda, temos vários casos associados de microcefalia ao zika vírus, e temos uma preocupação maior em relação à chikungunya”, disse.
PREVENÇÃO – Para a especialista, o período de poucas chuvas tem sido importante para o não surgimento de criadouros do mosquito. “Ainda assim, os vetores começam a aparecer nas casas. O alerta é sempre vasculhar as residências e retirar qualquer tipo de água parada, tendo o cuidado com o lixo. A principal arma é a prevenção”, destacou.
A dica é manter recipientes, como caixas d’água, barris, tambores tanques e cisternas, devidamente fechados. E não deixar água parada em locais como: vidros, potes, pratos e vasos de plantas ou flores, garrafas, latas, pneus, panelas, calhas de telhados, bandejas, bacias, drenos de escoamento, canaletas, blocos de cimento, urnas de cemitério, folhas de plantas, tocos e bambus, buracos de árvores, além de outros locais em que a água da chuva é coletada ou armazenada.
O ovo do mosquito da dengue pode sobreviver até 450 dias, mesmo se o local onde foi depositado o ovo estiver seco. Caso a área receba água novamente, o ovo ficará ativo e pode atingir a fase adulta em um espaço de tempo entre 2 e 3 dias. Por isso é importante eliminar a água e lavar os recipientes com água e sabão. (L.C.G)