Cultura

A magia nas pontas dos dedos artista do Samuel

Não há qualquer explicação lógica para a magia nas pontas dos dedos do menino Samuel Lucas Moreira da Rocha, 13 anos, aluno da escola estadual Monteiro Lobato, e autor de trabalhos manuais dignos de um grande escultor.
Filho caçula da autônoma Maria do Carmo Peixoto e do técnico em laboratório Nelson Pereira da Rocha, Samuel mora no bairro Cidade Satélite, zona Oeste de Boa Vista, e desde os seis anos, surpreendeu a família e os amigos quando criou uma técnica de produção de miniaturas usando apenas papel, cola e as mãos. “O irmão mais velho, hoje com 17 anos, começou a desenhar carrinhos de Fórmula 1, e ele usando papel e cola construiu um. Me surpreendi quando, um dia, ele saiu com carrinho desses feito de papel”, diz a mãe. Ele corta o papel com as mãos, e faz uma estrutura perfeita e detalhada de qualquer tipo de veículos. Os preferidos, segundo ele próprio, são os tanques, aviões e navios de guerra. “Gosto muito de história”, aponta o menino.
Samuel chegou a Roraima em meados de 2012, vindo do Amazonas, onde já havia sido diagnosticado com déficit cognitivo e dificuldade de linguagem. Desde então, passou a receber acompanhamento na sala multifuncional da escola. Como tem o desenvolvimento neuro psicomotor diferenciado, ele recebe incentivo no local para potencializar seu dom. E o apoio tem dado certo. Tanto que Samuel não titubeia quando questionado sobre “o que quer ser quando crescer”: “Um escultor famoso e vender minhas obras de arte para fora do país”.
Como criou uma técnica própria, Samuel agora investe em aprimorar o que aprendeu sozinho, procurando detalhar mais cada produção, aprendendo a pintar. “Também faço objetos de enfeite como vasos, quadros e porta lápis”, diz ele. Tudo o que produz, o menino faz questão de levar para casa. “Ele tem tudo arrumadinho dentro de caixas no quarto”, comenta a mãe.
Carismático e amoroso, como gosta de dizer a mãe, Samuel não sofre com preconceito dos colegas em sala de aula, mas tem poucos amigos no bairro onde mora. “Tenho muitos amigos aqui”, comemora ele.
O menino que, pasmem, conseguiu, com as pontas dos dedos construir uma réplica da muralha de Jerusalém, quer ganhar o mundo e ser respeitado como o grande artista que é. Mas, os sentimentos são apenas os de uma criança quando fala sobre o momento em que está esculpindo: “me sinto feliz”.