Cotidiano

Veículos continuam sendo ‘depenados’ e o número de apreensão só aumenta

Servidores dizem que solicitaram da Polícia Civil a remoção dos veículos para um depósito, mas que não há guinchos para fazer a transferência

Veículos apreendidos que ficam estacionados em frente ao 5º Distrito Policial, no Distrito Industrial, zona Sul, e no 4º Distrito Policial, no bairro Santa Tereza, na zona Oeste, continuam sendo “depenados” e tendo objetos furtados por ladrões que se aproveitam da falta de vigilância nas unidades para cometer os delitos.

Dez dias após denunciar o problema, a Folha esteve novamente nas duas delegacias, na manhã de ontem, para saber se alguma providência teria sido tomada para inibir a ação dos criminosos. Conforme relato de agentes, a situação até piorou com o aumento de veículos apreendidos, que superlotou o pátio dos distritos.

Segundo o policial civil Klinger Souza, a Central de Flagrantes do 5º DP solicitou ao Departamento de Polícia Judiciária da Capital (DPJC) que os veículos fossem retirados com urgência do local. “A situação continua a mesma. Chegaram mais veículos e não temos mais onde colocá-los aqui. A gente pediu que fossem retirados, mas ainda não fomos atendidos”, relatou.

Conforme ele, os veículos deveriam ir para um depósito do Governo do Estado localizado na Rua Rui Baraúna, no bairro Caranã, zona Oeste, onde os carros também são “depenados” por falta de fiscalização, mas não há guinchos para fazer a transferência. “Lá [no depósito] esses carros seriam vigiados por policiais civis de plantão. Pedimos ao Departamento Estadual de Trânsito [Detran] e à Superintendência Municipal de Trânsito [Smtran] os guinchos, mas também não tivemos resposta”, disse.

Sem perder tempo, os ladrões já haviam furtado pneus e quebrado os vidros dos veículos que haviam chegado recentemente no distrito. “A delegacia não tem condições de guardar esses veículos, vigiar e ainda ter que cuidar da segurança da população”, desabafou o agente.

O mesmo cenário pôde ser encontrado no 4º DP. À Folha, o delegado Volmir Vargas informou que também solicitou ao DPJC a retirada de carros e motocicletas da entrada da unidade, mas não teve resposta. “Conversei com o diretor na segunda-feira e ele disse que ia providenciar para enviar ao depósito, mas até agora nada”, frisou.

Para ele, o grande problema é que a Justiça se nega a receber os veículos apreendidos que viram “peça de inquérito”. “A maioria deveria ter sido recolhida pelo Judiciário, que diz que não recebe. Temos uma dificuldade muito grande em guardar esses veículos”, afirmou.

GOVERNO – Em nota, o Governo do Estado informou que a Delegacia-Geral determinou, na segunda-feira, 18, a retirada de todos os veículos que se encontram apreendidos nas delegacias e o encaminhamento para o depósito da Central de Materiais Apreendidos (CMA), no bairro Caranã, no prazo de 15 dias.

O governo esclareceu que foi instaurado procedimento para apurar a veracidade das denúncias, considerando que muitas vezes seriam infundadas, pois os veículos já são apreendidos desprovidos de algumas peças e, por essa razão, a autoridade policial determina a perícia criminal de adulteração de identificação de veículo automotor terrestre e constatação de danos.

PREFEITURA – Também em nota, a Prefeitura informou que possui guincho em sua frota de veículos destinado às atividades desenvolvidas na política de trânsito do município e que assim que houver disponibilidade na agenda da frota, será atendida a referida demanda das delegacias.

Destacou apenas que a responsabilidade dos veículos aprendidos é de quem faz a apreensão. “Portanto, não se pode creditar ao poder municipal responsabilidades que não são suas, cabendo à esfera competente fazer um planejamento de ações que vão desde a forma como são apreendidos os veículos, passando pela logística de recolhimento, estudando previamente o local que será guardado o veículo e assumindo as responsabilidade que lhe cabem”, afirmou.

“Lamentamos apenas que a ineficiência de alguns recaia sobre quem zela por prestar um serviço de qualidade à população e que busquem confundir a opinião pública transferindo as reais responsabilidades”, destacou. (L.G.C)