Cerca de 700 famílias ocupam, há cinco dias, uma área às margens do Anel Viário, no sentido sul da BR-174, próximo ao conjunto residencial Pérolas do Rio Branco. Os invasores afirmam serem agricultores e alegam que o espaço invadido é composto por terras devolutas da União.
Um dos líderes do grupo de invasores, que preferiu não se identificar, informou que o grupo tenta tomar posse das terras desde 2014. “Na primeira vez que ocupamos o lugar, uma imobiliária apareceu alegando ser dona da área e conseguiu nos expulsar com o apoio de instituições públicas”, disse.
O invasor destacou que após a primeira retirada, o grupo começou a investigar a titularidade da propriedade. “Apesar de terem aparecido pessoas alegando serem proprietários da terra, nós sabíamos que elas [as terras] eram devolutas da União, ou seja, são públicas e nunca pertenceram a ninguém e qualquer documento apresentado não teria validade”, explicou.
Ele frisou que na quinta-feira, dia 21, a Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur) e a Guarda Civil Municipal estiveram no local para derrubar os barracos. “Eles conseguiram derrubar alguns barracos, mas não nos tiraram daqui graças à ação de nossa advogada”, afirmou.
A advogada do grupo de invasores, Gorete Moura, informou que para garantir a permanência deles na propriedade foi feito um georreferenciamento. “Com esse trabalho, pudemos constatar que o espaço se trata realmente de terras devolutas da União. Eles não vão sair de lá até o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) destinar aquela terra para a agricultura familiar”, declarou.
A equipe de reportagem da Folha esteve no local na tarde de ontem, dia 24, e constatou que boa parte dos invasores não são agricultores. Alguns transportavam estacas para a edificação de barracos em picapes grandes. Ao ser questionada em relação ao fato, a advogada informou que se tratam de pessoas que estão tirando proveito do movimento.
“Muitos moradores dos conjuntos residenciais próximos perceberam a movimentação e tentaram tirar proveito da situação. Até mesmo pessoas de outras localidades estão vindo. Temos como separar aqueles que realmente precisam da terra, pois os verdadeiros ocupantes constam em uma lista”, observou.
Já o empresário Paulo Capeletti afirmou ser proprietário de 362 hectares da área invadida. Ele afirmou que descobriu que suas terras estavam sendo ocupadas no sábado, dia 23. “Vou recorrer à justiça para a retirada destes invasores. Todos os anos pago os impostos da propriedade, realizo investimentos para ter a terra tomada por invasores? Isso é um absurdo!”, protestou.
INCRA – Devido ao final de semana, a Folha não conseguiu entrar em contato com o Incra. (I.S)