Cotidiano

Faculdades registram alta inadimplência

Em uma das faculdades particulares, dívida de alunos com as mensalidades chegaram a 30% no ano passado

A inadimplência no ensino superior em Roraima fechou 2015 com alta de 15% em relação a 2014, chegando ao patamar de 30% dos matriculados, segundo dados fornecidos pela Faculdade Cathedral. Já na Estácio/Atual os dados da inadimplência apontam apenas 3.5% em relação a 2014.

Embora não tenha um estudo sobre o assunto, o desemprego e a redução na renda familiar foram apontados pelas duas instituições ouvidas pela Folha como as principias causas que têm pressionado os estudantes em levar adiante o sonho do ensino superior e de uma melhor colocação no mercado de trabalho.

Segundo o professor Haroldo Campos, presidente da Faculdade Cathedral, o número de alunos inadimplentes em 2015 aumentou 15% em relação ao ano de 2014. “A perspectiva para este ano é que a inadimplência permaneça nos mesmos patamares do ano passado, que chegou a 30%”, afirmou o presidente da Faculdade Cathedral. “Os principais motivos percebidos são a falta de emprego e redução de renda familiar. Não há uma pesquisa oficial que possa comprovar, mas acredita-se que esse aumento de alunos inadimplentes tenha sido provocado pela crise financeira que atinge o Brasil e também em consequência das mudanças das regras do Fies [Fundo de Financiamento Estudantil]. Isso levou muitos alunos para a lista de inadimplentes e trancamento de matrícula”, frisou.

Ele ressaltou que a lei garante aos estudantes o direito de continuar frequentando as aulas até o fim do período letivo, mesmo se estiver inadimplente. “A Cathedral tem a política de não permitir que o aluno deixe de estudar mesmo estando inadimplente”, afirmou. Além de oferecer a possibilidade de negociação de dívida, a Cathedral oferece também o financiamento, reduzindo o número de evasão. “Quando o aluno deixa a faculdade por motivos financeiros, foi porque a instituição não tomou conhecimento sobre o caso”.

Campos disse que a Cathedral participa do Prouni (Programa Universidade para Todos) e Fies, do Governo Federal, o que também ajuda aos alunos. A instituição mantém ainda um convênio com um banco privado para ajudar no financiamento com juros mais baixos e fala em inovações este ano. “A partir deste ano, a Cathedral traz para si o financiamento próprio para aluno de baixa renda. O aluno vai pagar 50% da mensalidade durante o curso e restante 50% depois de formado”, frisou.

ATUAL – Segundo o professor Raimundo Nonato, diretor Comercial da Faculdade Estácio Atual, a crise começou a ser sentida já em meados de 2015, quando foi notado um aumento de 3,5% de inadimplência em relação ao meso período de 2014. Ele afirma que a inadimplência aumentou devido à crise que se arrasta desde o ano passado e que vem aumentando a cada dia. “O diagnóstico que temos, através de nossas ligações para os alunos inadimplentes, é que a crise econômica financeira tem afetado a capacidade de manter-se adimplente”, disse.

Para este ano, Nonato informou que a instituição pretende controlar o índice de inadimplência através da modalidade de crédito universitário. “O Centro Universitário possui uma política de cobrança regular. Os alunos que ficam inadimplentes 60 dias perdem bolsas e alunos com 90 dias de inadimplência são registrados nos órgãos de proteção ao crédito. É uma medida que ajuda na redução da inadimplência. Mas vamos tentar controlar o índice de inadimplência através da modalidade de crédito universitário”, frisou.

Ele destacou alguns tipos de negociação para facilitar os alunos endividados, entre elas o parcelamento em cartão sem juros em até 10 vezes, entrada e mais cinco cheques pré-datados. A instituição possui um crédito universitário privado. “Assim o aluno pode financiar seus estudos com os juros custeados pela Estácio, pode financiar seu curso sem juros”, frisou.

Ele falou que, embora exista a negociação, ainda assim há desistências de alunos pelo não pagamento das mensalidades. “Temos procurado ajudar o aluno com dificuldade financeira através do nosso financiamento sem juros. Mas, infelizmente, há desistências”, frisou sem citar quantos já desistiram por falta de recursos. “Os programas federais de bolsas, o Prouni e Fies, ajudam a manter o quadro estável, uma vez que os alunos contemplados pelos programas não ficam inadimplentes com a instituição, já que os repasses do Fies são realizados pelo Governo Federal”, frisou. (R.R)