Cotidiano

Estiagem já afeta produção de peixes

Expectativa para este ano é de produzir 10 mil toneladas de peixe, cerca de mil toneladas a menos do que em 2015

A forte estiagem que o Estado enfrenta continua a trazer maus frutos. Conforme anunciou o coordenador-geral do programa de piscicultura da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Marlon Maia, devido à seca, este ano o Estado deverá produzir 10 mil toneladas de peixe, cerca de mil toneladas a menos que no ano passado.

Maia participou, na manhã deste domingo, 7, do programa Agenda da Semana, da Rádio Folha AM 1020, e revelou que a constante queda no comércio de peixes nos últimos anos está ligada, entre outros fatores, à falta de água. “Nos últimos três, tem chovido pouco, e isso aumenta o fator de risco da criação de peixe. A falta é tão grande que nós do setor costumamos dizer que ainda estamos trabalhando com água de 2013, a última maior produção registrada, que alcançou 17 mil toneladas”, revelou.

O coordenador explicou que quando os tanques de criação de peixe têm pouca água, eles ficam saturados com material orgânico por não ter uma rotação constante, o que obriga os piscicultores a diminuirem a quantidade de ração dada aos animais, afetando diretamente no tamanho do animal.

Dados colhidos pela Seapa mostram que em Roraima existem aproximadamente 4.230 hectares de lamina d’água, que são os tanques de criação, distribuídos entre 1.128 piscicultores. Sendo 70% da produção feita pelos grandes e médios produtores e as outras 30% produzidas pelos pequenos, agricultores familiares e comunidades indígenas.

“Esses menores é que realmente enfrentam a estiagem. A produção é feita em tanques escavados, com água subterrânea. Devido à seca, os lençóis freáticos não têm se elevado, trazendo muitos problemas para estes pequenos produtores”, disse.
Outro fator destacado por Maia, que deverá influenciar na queda da produção do peixe este ano, é o custeio da ração. Conforme ele explicou, há seis anos o saco da ração custava cerca de R$ 25, hoje o saco do mesmo tamanho é comprado a R$ 45.

“Nós vendíamos um peixe grande, de até 2,5 kg, naquela época, por R$ 5,80. Hoje o peixe para ser considerado grande precisa ter de 3,3 kg para cima e é vendido por R$ 6,20. Praticamente dobrou o preço da ração e do peixe, mas o valor de revenda não traz mais um lucro satisfatório aos produtores”, considerou.

Maia frisou ainda que não vai faltar peixe no mercado local, mas que a venda para outros estados pode ser comprometida. “Essa venda aumentava o lucro destes produtores, contudo, nossos dados apontam que vem caindo semanalmente os números de peixes vendidos para o estado vizinho”, disse.

ENFRENTANDO A ESTIAGEM – Ainda durante o programa, o coordenador-geral do programa de piscicultura da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Marlon Maia, afirmou que o órgão está disponibilizando caminhões com gelo ao piscicultor com o objetivo de evitar prejuízos com a perda da produção. “Diante de todo esse cenário que enfrentamos, a Seapa está disponibilizando para o produtor o Caminhão do Peixe. O que nós queremos é que nada seja perdido e nem o produtor e nem o consumidor sejam atingidos”, afirmou.

Marlon Maia destacou ainda que a comercialização é de responsabilidade do produtor. “Nossos técnicos acompanham todo o processo. Porém, a venda é feita pelo próprio piscicultor. Isso garante preços mais baixos para o consumidor, pois por meio do Caminhão do Peixe não temos atravessadores, o que garante um pescado 25% mais barato”, detalhou.

O coordenador afirmou que um calendário com as datas e os locais de venda do Caminhão do Peixe durante a Semana Santa será divulgado nos próximos dias, e garantiu que o valor do produto não irá aumentar. “Nosso objetivo é fomentar o setor e ajudar o produtor a enfrentar esse momento de estiagem. Nossas atividades seguem a todo vapor”, disse.

Aqueles interessados em ter seu peixe comercializado no Caminhão devem procurar a Seapa. “Ele [o produtor] vem até nós, marcamos uma visita à propriedade para verificar se a produção segue as normas de qualidade para que ele possa usufruir desta ferramenta”, frisou. (J.L)