Cotidiano

Chuvas ajudam a amenizar queimadas, mas situação continua crítica no Estado

Conforme a Defesa Civil Estadual, prosseguem o número de focos de calor em todo o Estado e a falta de água em algumas regiões

A chuva que tem caído nos últimos dias em Roraima ajudou a minimizar as ocorrências relacionadas ao fogo em várias regiões. Apesar disso, a situação ainda é de alerta em todo o Estado, principalmente na região Sul, que tem registrado índices alarmantes de focos de incêndio. 

De acordo com dados do Sistema de Monitoramento de Queimadas e Incêndios do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nos dois primeiros dias dessa semana houve considerável aumento no número de focos de calor, o que mantém os trabalhos das brigadas em situação de atenção.

Na segunda-feira, foram registrados 56 focos de calor, sendo 37 em Rorainópolis, seis em São João da Baliza, quatro em Iracema, quatro em Pacaraima, dois em Caracaraí, um em Amajari, um no Cantá e um em Normandia. Já na terça-feira, 09, houve um aumento no quantitativo, segundo o Inpe. Foram detectados nesse dia 86 focos de calor, sendo 48 deles em Caracaraí, 26 em Rorainópolis, 09 em Amajari e 03 em Normandia.

Segundo o coronel Cleudiomar Ferreira, da Defesa Civil Estadual, quatro ocorrências de combate a incêndios foram registradas, sendo três em Boa Vista e uma no Município de Alto Alegre, na região Centro-Oeste do Estado.

“A chuva conseguiu dar uma amenizada nessa questão dos incêndios, mas a situação de alerta ainda está mantida. Nessa semana, por exemplo, o tempo tem ficado chuvoso, o que já ajuda bastante no trabalho dos brigadistas, mas caso a semana que vem registre mais dois dias de sol e os produtores voltarem a queimar o pasto, o problema vai voltar”, destacou o secretário executivo da Defesa Civil, coronel Cleudiomar Ferreira.

Desde o dia 9 de dezembro do ano passado, a Defesa Civil, juntamente com o Corpo de Bombeiros, realizou mais de 500 ações para minimizar os efeitos da estiagem no Estado. Segundo Ferreira, o órgão já solicitou mais de R$ 40 milhões em recursos para ações estruturantes e operações de combate nos 13 municípios que decretaram situação de emergência.

Além do contingente local, as ações em Roraima passaram a contar com a ajuda de pessoal de outros estados. Na sexta-feira, uma equipe de 34 homens do Corpo de Bombeiros do Amazonas desembarcaram no Estado para auxiliar no combate aos incêndios florestais nos vizinhos municípios de Iracema (Centro-Sul) e Mucajaí (Centro-Oeste).

Há ainda a previsão para os próximos dias para a chegada mais 30 soldados do Exército para reforçar as bases avançadas, além de 75 bombeiros vindos do Estado de Goiás.

“Esse reforço vem somar esforços no controle das queimadas no Estado, principalmente para não deixar a situação sair do controle. Temos um exemplo o Município de Normandia, que começou a registrar alguns combates que não tinham sido feitos até então: além de reforçar também Caroebe, que está em situação de risco, e o Município de Rorainópolis, onde nós temos a informação de que, mesmo com a proibição da queima, algumas pessoas insistiram em desobedecer ao que a Femarh [Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos] havia imposto”, informou.

Abastecimento de água é outra preocupação

Outra preocupação da Defesa Civil Estadual é em relação à falta de água potável em alguns municípios. Conforme o coronel Cleudiomar Ferreira, grande parte dos recursos destinados às ações contra a estiagem está sendo custeada pelo próprio Estado, sendo a grande maioria investida em ações estruturais.

“Desde o início, a maior parte dos recursos solicitados e os já gastos até aqui foram com tentativas de resposta à estiagem. Hoje, por exemplo, as máquinas começaram a trabalhar em Mucajaí e Alto Alegre, desde anteontem em Rorainópolis e esta semana há a previsão de que os trabalhos se intensifiquem nos demais municípios do Sul, fora os outros municípios onde os trabalhos já estão em andamento”, salientou.

Nível do Rio Branco continua baixando

O nível do principal manancial de água potável do Estado, o Rio Branco, voltou a apresentar queda em seu volume de captação, mesmo após as chuvas dos últimos dias. Até o final da tarde de ontem, a medição da Agência Nacional de Águas (ANA) apontava que o nível das águas apresentou a marca de –0,58 centímetros, seis centímetros a menos que na última medição feita no dia 03 deste mês.

O nível não chega a ser o pior registrado em toda história, já que em 1988 a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer) registrou a marca de -72 cm. Apesar de a chuva ser um alívio, os prognósticos do tempo indicam que a situação ainda é de grande preocupação. Para esta quinta-feira é esperado volume na casa dos 10 a 30 milímetros, com 7% de chances de chuva, segundo o Inpe. (M.L)