Os furtos e roubos de motos continuam se tornando cada vez mais frequentes e têm se tornado um pesadelo recorrente a motociclistas na Capital. De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), somente entre os meses de dezembro de 2015 e janeiro de 2016, quase 50 ocorrências desse tipo foram registradas.
Nesse período, pouco menos de sete motocicletas foram recuperadas e devolvidas aos proprietários. A maioria delas tem destino certo: Lethen, na Guiana, fronteira com o Município de Bonfim, a Leste do Estado. Depois que conseguem atravessar a fronteira, os ladrões trocam os veículos por drogas e armas.
Os bandidos aproveitam a falta de fiscalização nos postos de vigilância na saída da cidade. Em um deles, que fica na BR-401, na Ponte dos Macuxi, a Polícia Militar havia ocupado há alguns meses para reforçar a segurança, mas atualmente o posto está desativado.
A mesma situação pode ser encontrada em outro posto de fiscalização na BR-174 norte, na Ponte do Cauamé, saída para a Venezuela, onde apenas a atuação de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) não é capaz de inibir a ação de criminosos que trafegam em motos roubadas ou furtadas.
Quando não são levadas para outros países, as motos servem como desmontes, a fim de alimentar a venda de peças, comercializadas para circular no interior do Estado, principalmente por agricultores em vicinais longínquas e áreas indígenas, e também para que sejam usadas em assaltos.
As motos grandes, especialmente, são as que vão mais depressa para os locais onde se transformam nos chamados “pacotinhos”, onde chegam às lojas que revendem peças usadas. As peças vão de carburador a tanques de combustível. O motor é um dos itens mais valiosos, junto com canaletas, amortecedores e rodas.
Números dos distritos policiais revelam a extensão do problema
Nos distritos policiais de Boa Vista, o número de ocorrências envolvendo roubo e furto de motocicletas também tem crescido nos últimos anos. De 2012 para cá, a Central de Flagrantes do 5º Distrito Policial, na zona Oeste, já registrou 534 ocorrências desse tipo. A maioria dos veículos já chega “depenada”, sem as peças principais.
O carpinteiro Silvestre Gomes teve a sua motocicleta, modelo Fan 125, furtada há duas semanas enquanto fazia compras em uma distribuidora. Após registrar Boletim de Ocorrência na delegacia e procurá-la por vários dias, a moto foi encontrada por policiais e devolvida a ele. “Meu medo era que fosse levada para a Guiana e fosse vendida. Mas poucos dias depois eu consegui encontrar ela, apreendida no distrito policial”, disse.
Já o empresário Alisson Nunes não teve a mesma sorte. A moto dele, modelo Lander, foi roubada há poucos dias e, mesmo após ampla divulgação em redes sociais e oferta de recompensa, não foi encontrada. “Eu a emprestei para um amigo e ele estava conduzindo quando dois caras armados o pararam e roubaram a moto. Ofereci R$ 3 mil de recompensa para quem achasse, mas, até agora, não sei de nada”, relatou.
Segundo o delegado titular da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos Automotores Terrestres (DRRFVAT), Wesley Oliveira, a primeira atitude que deve ser tomada pela vítima em casos como esse é registrar ocorrência na delegacia. “Se a moto for recuperada antes de 72 horas, normalmente há a comunicação da Polícia Civil. A vítima é ouvida e recebe o veículo de volta. Fora do flagrante, é preciso que venham até a delegacia para tirar a restrição de furto ou roubo do sistema”, explicou.
Fiscalizações são intensificadas, diz comando da PM no interior
O comandante do Policiamento do Interior, tenente-coronel Francisco Maia da Silva, disse que as operações realizadas nos municípios, principalmente nas faixas de fronteira, têm gerado a apreensão de várias motos. “O que dificulta o nosso trabalho é que estamos em período de estiagem e esses meliantes conhecem essas regiões e passam por fora das BRs”, justificou.
Sobre a fiscalização em vicinais, ele informou que a polícia tem feito fiscalização permanente, mas que encontra poucas situações irregulares. “Nós nos deparamos com colonos que andam sem capacete, por exemplo, mas o número de motos roubadas é baixo. Esses veículos não ficam nos municípios, eles são levados para a Guiana”, afirmou.
GOVERNO – Em nota, o Governo do Estado esclareceu que o prédio do Posto de Policiamento Ostensivo (PPO) Macuxi, localizado na saída para Bonfim, está passando por uma reforma em razão de algumas “peculiaridades a serem implementadas para instalação de um Quartel Militar”, e que, tão logo termine a reforma, a Companhia Independente de Policiamento de trânsito Urbano e Rodoviário (Ciptur) será efetivada no local.
Quanto ao PPO Cauamé, localizado na Saída para a Venezuela, a Companhia Independente de Guarda (CIPG) já está instalada no prédio. Conforme o chefe da seção de Comunicação da PM, tenente-coronel José Augusto Arruda, as ações relacionadas ao trânsito na BR-174 dependem de um convênio com a Polícia Rodoviária Federal. (L.G.C)