Enquanto a máquina pública mobilizou toda a população neste sábado, 13, numa ação denominada como dia D, em combate aos focos do Aedes aegypti em Roraima e no País, uma equipe da Folha esteve nos prédios públicos municipais, estaduais e federais neste final de semana para conferir se, além de cobrar da população, os governantes também estão fazendo sua parte.
Em uma volta pela cidade, a equipe constatou muito mato ao redor dos prédios públicos mais afastados. Mas, no geral, pouco lixo foi encontrado nos prédios em funcionamento. Com exceção do 4º Distrito Policial, na avenida Nazaré Filgueiras, no bairro Pintolândia, zona Oeste, onde a equipe encontrou muita sujeira entulhada e vários locais com água parada.
Os prédios desativados ou abandonados, a exemplo da antiga Casa de Cultura Madre Leotávia Zoller, no Centro da cidade, e até mesmo praças com reformas inacabadas na zona Leste, também guardam possíveis reprodutores dos mosquitos.
Em busca de resposta sobre como será o tratamento para estas localidades, a Folha entrou em contado com a administração pública local. De acordo com o Governo do Estado, uma mobilização foi realizada dentro dos prédios que estão em funcionamento, onde todos os gestores foram orientados a fazer mutirões com os funcionários para limpeza dos locais. “Tanto na sexta, quanto no sábado os gestores arregaçaram as mangas e fizeram uma mobilização com todos os funcionários para eliminar todos os possíveis focos dos prédios públicos”, reforçou a coordenadora geral de Vigilância em Saúde da Secretaria estadual de Saúde, Daniela Souza.
Quanto aos prédios que não estão em uso, a coordenadora afirmou que um cronograma será elaborado para realizar a limpeza total nas unidades. Ela ressaltou ainda que a ação já foi iniciada quando, no sábado, 13, três prédios receberam os agentes do governo.
“Nós estamos cientes de que precisamos limpar o nosso ‘quintal’ também”, disse a coordenadora. “Por isso, hoje [sábado] estaremos em três prédios que consideramos de extrema urgência, são eles: a antiga sede da Secretaria Estadual de Gestão Estratégica e Administração (Segad), na rua Major Manoel Correia, no bairro São Francisco; a sede da casa da Casa de Cultura, no centro da Cidade; e o prédio da antiga Segurança Pública, na avenida Capitão Ene Garcez”, destacou.
Já a Prefeitura Municipal de Boa Vista informou que as ações desenvolvidas diariamente na Capital e, em especial a do último sábado, cobre todos os imóveis, sendo eles prédios públicos e particulares.
“Inclusive, no dia D de Mobilização Nacional do Combate ao Aedes Aegypti, foram identificados focos do mosquito no Parque Aquático do bairro Caranã, de propriedade do Governo do Estado de Roraima, e também no prédio da Embratel, no Centro de Boa Vista. Eles foram notificados, com reincidência. A prefeitura ressalta que todos os servidores municipais são orientados quanto aos cuidados de evitar focos do mosquito tanto em suas próprias residências quanto nos prédios municipais”, informou em nota à Folha.
DADOS – Em Roraima, conforme a coordenadora geral de Vigilância em Saúde, Daniela Souza, o Estado registrou 71 casos suspeitos de Zika. Desses, 21 foram confirmados após exames. Ela ressaltou ainda que 70 grávidas estão com suspeita de Zika. Uma já tem a confirmação de que o bebê possui microcefalia e as outras estão sendo acompanhadas pela administração municipal. Até este sábado, sete casos de microcefalia foram notificados em Roraima, mas a coordenadora relembrou que em nenhum dos casos houve confirmação de ligação com o Zika vírus.
DOENÇAS – O Brasil enfrenta atualmente uma epidemia causada pelo Aedes Aegypti. Responsável por transmitir os quatro tipos de Dengue, Zika vírus e febre Chikungunya, o mosquito se tornou uma ameaça por também ser comprovado que ele pode estar ligado a doenças como microcefalia (quando mulher é infectada durante a gravidez e o bebê nasce com a circunferência do crânio menor) e a síndrome de Guillain-Barré (SGB) (inflamação aguda nos nervos), casos que ainda estão sendo estudados.
Diante da disseminação destas doenças e da rápida proliferação do mosquito, representantes do poder público se uniram na luta contra o mosquito. “Para isso, precisamos da ajuda de todos, porque juntos poderemos eliminar essa ameaça ao desenvolvimento da nossa sociedade”, concluiu a coordenadora geral de Vigilância em Saúde, Daniela Souza. (J.L)