O diretor-presidente interino da Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr), Vicente Barreto, afirmou, neste domingo, 14, no programa Agenda da Semana da Rádio Folha 1020 AM, apresentado pelo radialista Getúlio Cruz, que o órgão está realizando uma campanha de controle e erradicação da Brucelose em bovinos no Estado. O objetivo é eliminar a doença em Roraima, que atualmente supõem-se ter de 6% de animais infectados.
Barreto ressaltou que a partir de junho só poderão ser comercializados animais que tenham sido vacinados. A principal indicação é a vacinação de fêmeas bovinas de três a oito meses de idade contra Brucelose para que elas não sejam infectadas. “Primeiro nós vamos prevenir orientando a vacinação das fêmeas e também pedindo para que os criadores realizem os exames em todo o rebanho para identificar os animais afetados”, explicou, destacando que todo o animal diagnosticado portador da bactéria deverá ser sacrificado.
Ele frisou que a partir do segundo semestre deste ano a vacina será exigida como requisito obrigatório para emissão Guia de Trânsito Animal da (GTA). Sem o registro da vacinação contra Brucelose, trabalho semelhante ao feito com a vacinação contra a Febre Aftosa, o produtor não poderá comercializar e nem transitar o animal. A não vacinação desses animais acarretará na suspensão da emissão de GTA do produtor.
O presidente da Aderr lembrou que o manejo da vacina e a realização dos exames devem ser feitos por um veterinário. Além disso, as lojas agropecuárias devem exigir, no ato da venda, um receituário veterinário de profissionais cadastrados na Aderr. “É importante que não haja contato do produtor nem com o animal infectado e nem com a vacina, pois ela contém a bactéria ativa e pode infectar de imediato o ser humano”, alertou Barreto.
Os médicos veterinários devem procurar a Aderr para fazer o cadastro que será realizado pelo Núcleo de Programas Sanitários da Agência. De acordo com o presidente da Aderr, além de contaminar os animais, a doença pode infectar seres humanos que tenham contato com restos de parto, sangue e até sêmen de animais contaminados. “Nosso rebanho tem cerca de 880 mil animais, o que nos mostra que aproximadamente 50 mil estão infectados. Diante destes dados, nós entendemos que é preciso agir para evitar que a doença se espalhe para garantir a saúde dos animais e dos seres humanos que trabalham com eles”, alegou Barreto.
Ele alertou que não existe cura para a Brucelose. “Todos os tratamentos disponíveis são completamente inviáveis financeiramente, por isso consideramos não existir cura para doença e nem houve casos do tipo”, revelou.
A Agência de Defesa Agropecuária de Roraima publicou portaria no Diário Oficial do Estado (DOE), do dia 28 de janeiro de 2015, que rege as atividades de combate e controle à doença. As regras são com base na Instrução Normativa nº 06, de 08 de janeiro de 2004, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que estabelece o Regulamento Técnico do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal. “A partir de agora, nossa fiscalização será intensa e contamos com a colaboração de todos para isso. A Brucelose tem causas graves e pode ser evitada e nós trabalharemos para isso”, disse.
A DOENÇA – A brucelose é uma zoonose, ou seja, é uma doença que pode ser transmitida dos animais ao ser humano e/ou do ser humano aos animais. É verificada mundialmente e já foi denominada como febre do mediterrâneo, febre ondulante, febre de Malta, febre de Gibraltar. Tem sido uma doença em permanente evolução desde 1887, quando foi identificada a espécie B, melitensis por Bruce.
O período de incubação da brucelose é de duas a três semanas. As pessoas que adquirem a doença têm sintomas como febre intermitente, mal-estar, perda de peso, fadiga muscular, calafrios, sudorese, dor de cabeça severa, mialgias e artralgias, podendo aparecer sintomas como dores abdominais, diarreia e vômito e, em casos graves, endocardite, meningite, osteomielite, artrite, dentre outros. Os pacientes que se recuperam da brucelose apresentam certa resistência a crises subsequentes. (J.L)