A cesta básica do boa-vistense ficou mais cara em janeiro e chegou a R$ 389,93, de acordo com a pesquisa feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em comparação ao mês de dezembro de 2015, quando chegou a custar R$ 363,90, o preço subiu 7,15%. A Capital possui a 13ª cesta básica mais cara entre as 27 capitais brasileiras.
O Dieese apontou que o trabalhador boa-vistense, que recebe o equivalente a um salário mínimo, cerca de R$ 880,00, comprometeu 48,16% da remuneração liquida, ou seja, após os descontos previdenciários, com a cesta básica em janeiro. Em dezembro do ano passado, quando o salário mínimo era de R$ 788,00, o percentual era de 50,20%.
Para conseguir comprar uma cesta básica, o boa-vistense que recebe apenas um salário mínimo precisou cumprir, em janeiro, jornada de 97 horas e 29 minutos, menor que as 101 horas e 36 minutos registradas em dezembro de 2015.
Na pesquisa, o Departamento afirmou que o peso relativo dos itens alimentares no orçamento dos trabalhadores e dos mais pobres é mais representativo. “Um aumento de 7,15% no preço médio dos alimentos básicos, como o ocorrido na Capital de Roraima, impacta fortemente o orçamento das famílias”, destacou.
Levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima que mensalmente o valor do salário mínimo atual necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 3.795,24.
PRODUTOS – Em janeiro, segundo o Dieese, a maior parte dos 12 produtos que compõem a cesta básica em Boa Vista apresentou elevação de preços. O tomate, com acréscimo de 30,01%, e o feijão, com 8,91%, registraram alta acima da registrada no total da cesta.
Outros itens também mostraram percentuais elevados no preço, como o leite integral, que subiu 3,36%; o óleo de soja, com aumento de 3,16%; o pão francês, com 0,63%; a farinha de mandioca, com 0,47%; o café em pó, com 0,59%; e o açúcar cristal, que teve alta de 0,44%. O preço do arroz foi o único da cesta básica que não sofreu variação.
Em compensação, as quedas foram anotadas em três produtos que estão entre os principais itens da cesta. A manteiga ficou R$ 3,84% mais barata, enquanto que a carne bovina de primeira, com queda de -0,09%, e a banana, com -2,97%, ajudaram a equilibrar a alta no preço.
Na Capital, os 12 produtos que compõem a cesta básica são: carne, leite, feijão, arroz, farinha, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo e manteiga. Ao contrário de outros estados, a batata não é incluída na cesta do boa-vistense.
Boa Vista e mais oito capitais foram incluídas na pesquisa
Desde o mês passado, o Dieese passou a realizar o levantamento do preço do conjunto básico de bens alimentícios em todas as capitais brasileiras. Além das 18 cidades, a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos foi implantada em outras nove: Cuiabá (MT), Palmas (TO), Maceió (AL), São Luís (MA), Teresina (PI), Macapá (AP), Rio Branco (AC), Porto Velho (RO) e Boa Vista (RR).
A implantação da cesta nas nove cidades foi feita em conjunto com a atualização da ponderação de locais de compra, com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2008/2009, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considerando as famílias que recebem de um a três salários mínimos.
Segundo a técnica do Dieese, Adisley Machado, a pesquisa realizada em Boa Vista foi dividida por sete regiões. “Em todas fizemos entrevistas com as pessoas nos locais para saber onde se concentravam esses produtos. Fomos a cada estabelecimento e dessa triagem sobraram 87 mercados onde o Departamento fará a pesquisa mensalmente”, explicou.
Para ela, o fato de a Capital roraimense ocupar a 13ª posição no ranking de cestas básicas mais caras não significa uma situação ruim. “Na verdade, é uma colocação média, mas que prejudica muitas famílias pelo fato desse preço comprometer quase 50% da renda”, disse.
Conforme a técnica, a pesquisa serve de parâmetro para que a população possa ter conhecimento sobre o valor médios dos produtos. “São índices que servem para várias situações. Tanto para o trabalhador, que pode planejar os gastos, como para a dona de casa”, frisou.
Para consumidores, preço da alimentação é inaceitável
A Folha percorreu alguns supermercados das zonas Norte e Oeste para saber a opinião dos consumidores sobre o preço da cesta básica em Boa Vista. O funcionário público Paulo Silva considerou “absurdo e inaceitável um valor tão alto”. “Fico imaginando… quem não tem tantas condições, faz o quê? O que mais me impressiona é que tudo aumenta, menos o nosso salário”, reclamou.
Até mesmo nas novas redes de supermercados que chegaram recentemente a Boa Vista, onde as vendas são tanto pelo varejo quanto pelo atacado, os preços dos produtos, segundo os consumidores, não vêm compensando no orçamento. “Para mim, não compensa. Tem uma ou outra coisa mais barata, mas ainda assim não vale tanto a pena. A cesta básica deveria ser muito mais em conta, porque são produtos de que principalmente os mais pobres dependem”, disse a dona de casa Aparecida Costa. (L.G.C)