O momento de instabilidade econômica aliado à corrosão do poder de compra do consumidor é apontado como principal responsável pelo fechamento de empresas em Roraima. Apesar disso, o empresário local tem apostado mais na abertura de novos negócios. Enquanto outros estados do país vêm sendo diretamente afetados pela crise econômica, Roraima desponta na contramão dessa realidade.
De acordo com dados da Junta Comercial de Roraima (Jucerr), foi registrada, em 2015, a abertura de 888 novas empresas contra o fechamento de outras 451. O levantamento não incluiu o número de estabelecimentos abertos por microempreendedores individuais (MEI).
Apesar dos números favoráveis, a aposta na abertura de novas empresas neste momento não é vista com bons olhos pelo empresário e especialista em mercado Fabiano de Cristo. Segundo ele, existe uma combinação de fatores que têm contribuído para dificultar o investimento local. “Você tem como principal deles a desconfiança, por parte do próprio empresário, em investir”, disse.
Conforme ele, a instabilidade econômica faz com que o empresário fique receoso e com medo de investir em um novo negócio. “Tudo isso porque estamos vivenciando um cenário obscuro e sem política de governo consistente. Se o empresário conseguir passar por essa crise nos próximos três anos, sobreviverá por mais dez”, afirmou.
A inflação acima dos 10%, que corroeu o poder de compra do consumidor, também afetou o empresário. “Há alguns anos, com R$ 100,00 a pessoa fazia a compra do mês. Hoje, olha para o seu carrinho de compras e não acredita que gastou esse valor”, comparou.
Ele citou que a população tem evitado gastos excessivos e consumido menos. “Com isso, as vendas caíram em torno de 40% no ano passado. Ou seja, se tinha dez empresas abertas, dez fecharam as portas por conta do momento turbulento”, explicou.
Para o especialista, o momento não é bom para se abrir uma empresa. “Mas se quiser abrir, tem que identificar no mercado um segmento de serviço que não esteja sendo bem aproveitado e trabalhar em cima disso. Com isso, a pessoa tem grandes possibilidades de obter sucesso”, sugeriu.
Para quem está conseguindo manter a empresa, mesmo que com dificuldades, ele apontou saídas para evitar prejuízos. “O momento é de cortar gastos, renegociar com os fornecedores, treinar a equipe e investir em marketing”, frisou. (L.G.C)