Política

“Nós ocupamos, não invadimos”, diz dirigente do Movimento dos Sem Terra

Movimento defende a ocupação de terras sem utilização social ou onde os donos estão em dívida com o Estado

A primeira entrevistada do Programa Agenda da Semana deste domingo, 21, foi a dirigente do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terras em Roraima (MST), Carla Cristina. Durante a entrevista, ela destacou que o movimento sente “uma opressão por parte da sociedade que confunde ocupação com invasão”. 

“Nós temos vários projetos de assentamento espalhados pelo Estado, que foram frutos de lutas do MST. Mas, infelizmente, a sociedade não vê com bons olhos os nossos integrantes. É importante que todo mundo entenda que há um movimento de migração do agricultor do campo para a cidade e que estes não têm onde morar e, por isso, lideramos as ocupações, e não invasões”, reforçou Carla.

Conforme ela explicou, o movimento defende a ocupação de terras que estão “sem utilização social” ou na qual “os donos estão em dívida com o Estado, e também só utilizam o local para especulação”. “Não queremos tomar terra de quem usa e tem seus direitos assegurados como dono, isso é invasão. Agora, ocupação, que faz parte do nosso lema, (ocupar, dividir e conquistar) é o que nós fazemos. É lutar para garantir dignidade para aqueles que não têm onde morar e produzir em locais onde o Estado é dono, mas não há habitação, ou em grandes áreas de proprietários particulares que não pagam seus impostos e deixam o local sem nenhum tipo de utilização ou produção”, frisou.

Ela defendeu uma Reforma Agrária que contemple os agricultores familiares, destacando que a atividade rural é o principal meio de produção e crescimento para o Estado. “Não são os grandes empresários de fora que vão trazer soja, usar nossas terras e levar nosso dinheiro que vão desenvolver a nossa economia. Somos nós, os agricultores familiares, que além de melhorar a distribuição de alimentos nas mesas dos roraimenses, ainda fortificamos a economia”, disse.

Carla Cristina destacou ainda que o movimento luta por direitos iguais. Ela pediu para que os governantes tenham um olhar mais dedicado para essas famílias que buscam um local para se instalar e garantir sua sobrevivência. “Hoje os movimentos que realmente estão engajados em produzir no nosso estado precisam de todo o apoio dos governantes, mas, infelizmente, não é o que nós vemos. Estamos na luta por políticas públicas conclusivas e que resolvam essa grande demanda que vivemos no Estado”, disse.

Ao final, a dirigente do MST fez um convite aos simpatizantes da causa. “Queria chamar todos aqueles que também lutam para garantir os direitos dos oprimidos para que se unam à nossa causa. Juntos, todos nós temos mais força”, disse. Os interessados podem ir à sede do MST, na avenida João Liberato, 715, Caranã, em Boa Vista. (J.L)