Cotidiano

Na Venezuela, dinheiro vivo também está em extinção

E a escassez de alimentos e produtos de higiene criou um novo ofício

Conseguir dinheiro na Venezuela, imprescindível para pagar serviços como os táxis, as refeições na rua ou os produtos de revenda, se transformou em uma árdua tarefa para a qual cada venezuelano deve reservar uma boa parte de seu tempo.

A altíssima inflação, unida à falta de papel-moeda e a não impressão de notas de maior valor, faz com que seja necessário andar sempre com um boa quantidade de notas no bolso para se precaver.

Isso porque não basta ir uma vez por dia ao caixa automático, que na maioria dos casos oferecem um máximo de 4.000 bolívares diários quando não menos, e quando uma corrida média em um táxi custa cerca de 1.000 bolívares, o mesmo preço de um pacote de cigarros.

“É uma perda de tempo, os caixas do Banco da Venezuela nunca servem”, se queixou Luz Sabas, uma das 11 pessoas que fazia fila em um caixa automático do leste de Caracas quando um homem bateu na parede ao lado do dispositivo e afirmou pra frustração de todos: “Não tem mais dinheiro”.

A escassez de alimentos e produtos de higiene também criou um novo ofício, o dos “bachaqueros”, que se dedicam a comprar produtos e revendê-los. Seu “trabalho” ilegal lhes obriga a aceitar apenas dinheiro vivo, com o que aumentam a demanda por notas dos cidadãos venezuelanos.

“Tudo é com dinheiro”, comentou, inclusive nas farmácias ou mercados que dispõem de pontos de venda e que, às vezes, quando há muita filas, pedem o pagamento em efetivo “para agilizar o processo”, comentou Luz.

A moeda que leva o sobrenome do libertador de cinco nações (Simon Bolívar) tem notas de 2, 5, 10, 20, 50 e 100 unidades.

Na taxa de câmbio oficial mais alta (a baixa está reservada para a importação de alimentos e remédios) para comprar um dólar são necessários 200 bolívares, ou duas notas da denominação máxima.

Com informações de O Globo