Cotidiano

Avenida do HGR é tomada pela imprudência

Em noites de festa, única via de acesso das ambulâncias ao Pronto Socorro fica intransitável por causa do desrespeito de condutores

O trecho da movimentada Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, entre a sede do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e o Hospital Geral de Roraima (HGR), fica tumultuado a partir das noites de quinta-feira, se estendendo aos fins de semana, quando há eventos em casas de festas nas proximidades.

O local fica tomado por barracas de vendedores de bebidas alcoólicas e outros ambulantes. O trânsito fica conturbado e perigoso naquele trecho. Carros, motos e pedestres disputam espaço na avenida. Não há fiscalização, nem respeito no trânsito. O risco disso tudo é que esse trecho é obrigatoriamente passagem de ambulâncias, o que pode custar a vida de alguém, pois veículos de quatro rodas demoram a cruzar a avenida, quase sempre congestionada nos dias de festa.

A Brigadeiro Eduardo Gomes dá acesso às principais unidades de saúde do Estado, o Pronto Socorro Francisco Elesbão e o Pronto Atendimento Ayrton Rocha, anexos do Hospital Geral de Roraima (HGR).

A bagunça no trânsito fica a pouco mais de 100 metros do Detran. Mas isso não intimida os condutores que participam da festa em via pública. Carros estacionam em via dupla ou no meio da pista com o som nas alturas, motoqueiros se exibem empinando a roda dianteira, acelerando para fazer barulhos, passando em alta velocidade ou dando “cavalo de pau”.

A confusão é geral. A vizinhança também denuncia as constantes brigas, garrafas quebradas no asfalto e nas caladas, além do lixo deixado depois da farra. No local, ainda conforme os moradores, as pessoas fazem suas necessidades fisiológicas nos muros das casas e até em prédios públicos, como o Hemocentro e o Laboratório Central, localizados nas imediações das casas de show.

“É lamentável. Na sexta-feira pela manhã, ainda é possível sentir o forte odor. É um risco à população porque são unidades específicas de saúde. Quem vem doar sangue reclama do fedor. É preciso que as autoridades tomem providências”, reclamou uma enfermeira do Hemocentro, que preferiu não se identificar.

POSTO – Rayza Almeida, de 21 anos, é a gerente do posto de combustível que fica nas imediações das casas de show. Ele observa a situação por outro lado. “É verdade. O trânsito fica conturbado, mas o lado bom é que o movimento evita que sejamos assaltados, aliás, nunca fomos, graças a Deus”.

A gerente disse que quando há festas, o posto tem a segurança reforçada para evitar acidentes. “Nossa preocupação é porque trabalhamos com combustível. Então, temos que nos precaver. Os seguranças isolam a área das bombas para que não ocorram acidentes. A loja de conveniência fica aberta porque o movimento aumenta”, observou.

Barulho tira o sono da vizinhança nas proximidades de postos de combustível

A vizinhança de postos de combustíveis e casas de show reclama da arruaça, consumo de drogas, brigas e do barulho dos sons automotivos. Quem mora perto não consegue dormir. Os jovens aumentam ao máximo o volume dos potentes aparelhos de som dos carros. As festas começam a partir de quinta-feira e se estendem aos finais de semana.

A Folha percorreu os postos de combustível e casas de show mais denunciados. A reclamação foi generalizada: o barulho é o que mais perturba. Não bastasse esse problema, os jovens ainda fazem suas necessidades fisiológicas em postes, muros e portões das casas vizinhas aos locais de festa.

“Ninguém consegue dormir. O barulho é ensurdecedor. A gente liga para a polícia e ela vem, mas assim que ela sai, os jovens voltam a aumentar o som. É uma perturbação. Além do barulho, eles consomem droga, quebram garrafas, brigam e urinam no meu portão. Já denunciei várias vezes, mas as festas continuam, infelizmente”, lamentou uma dona de casa, de 52 anos, moradora da Rua N-12, no bairro Sílvio Botelho, zona Oeste.

As festas que acontecem no posto de combustível, na frente da praça Germano Augusto Sampaio, não têm hora para terminar. Madrugada adentro, a vizinhança é forçada a ficar acordada devido o barulho e a gritaria.
“Minha filha tem um neném de quatro meses. A criança chora a noite toda porque se assusta com o barulho. A gente já conversou com o gerente do posto, mas ele disse que as festas acontecem na rua e que por isso não pode fazer nada. Mas é a loja de conveniência do posto que vende a bebida alcoólica”, reclamou.

Mesmo a céu aberto, segundo os moradores, os jovens consomem drogas sem qualquer constrangimento. Alguns vão até o banheiro do posto, mas outros cheiram cocaína e fumam maconha na área externa do estabelecimento. Traficantes também aproveitam o movimento para vender drogas.

ZONA SUL – Na saída leste de Boa Vista, na Avenida das Guianas, divisora dos bairros 13 de Setembro e São Vicente, zona Sul, a vizinhança de um posto de combustível também não consegue dormir por causa do barulho. As festas não têm hora para acabar e se estendem pela madrugada. O movimento aumenta principalmente aos fins de semana.

“A gente se preocupa porque trabalhamos com combustível. Temos medo que as pessoas embriagadas e fumando se aproximem das bombas. É um risco. Já pedimos providências, mas o problema continua”, lamentou um frentista, que preferiu não se identificar.

No posto há uma loja de conveniência que não fecha. E isso é o que faz aumentar o movimento. Nas proximidades, ainda conforme os denunciantes, também há consumo de drogas e brigas constantes. Como ocorre nos outros postos, a PM vai ao local e manda baixar o volume do som dos carros, mas assim que ela vai embora, os jovens voltam a aumentar.

“Quando amanhece ainda tem gente bêbada aí. Eles quebram garrafas e jogam copos e latinhas no chão. Fica uma imundície. É preciso mais rondas da polícia e mais rigor na fiscalização desses carros com potentes aparelhagens de som”, cobrou Maria de Fátima Cruz, de 62 anos, dona de condomínio.

ASA BRANCA – O barulho dos sons automotivos e o consumo de drogas também já foram denunciados por quem mora perto de um posto de combustível na Avenida Ataíde Teive, bairro Asa Branca, zona Oeste, nas proximidades da Feira do Passarão. Os usuários saem de uma casa de shows, na Avenida dos Imigrantes, e vão usar droga nas proximidades. Aquela área, ainda segundo a vizinhança, é muito frequentada por traficantes.

CANTÁ – No bairro Santa Cecília, na entrada do Município do Cantá, na BR-401, outro posto de combustível é alvo de denúncia. Na área externa do local, segundo os denunciantes, os jovens também fazem festas regadas a drogas. Eles aproveitam a escuridão do lavrado para ilícitos ou encontro sexuais. “Já denunciamos, mas as festas continuam, principalmente aos fins de semana”, lamentou o produtor rural Ribamar Santos Filho, de 56 anos, morador do Cantá.

O pior é que os jovens de classe média, após o excessivo consumo de bebidas e drogas, colocam a vida em risco, fazendo “rachas” na BR-401. Inúmeros acidentes de trânsito, alguns com fatalidade, já foram registrados naquele trecho da rodovia. “Falta mais fiscalização”, observou o agricultor.

Rua é interditada durante festa de forró em lava-jato

Na avenida S-24, no bairro Senador Hélio Campos, zona Oeste, moradores denunciam um forró que acontece nas noites, aos fins de semana, em um lava-jato. A rua fica interditada e é praticamente impossível passar de carro ou moto. O som alto também incomoda e tira o sono da vizinhança.

Na rua é comum ver adolescentes ingerindo bebida alcoólica e usando outras drogas. Alguns andam armados com facas e terçados. Moradores cobram mais rondas policiais e a presença das autoridades responsáveis pelo público infanto-juvenil. No local, ainda segundo denunciantes, já ocorreu até confronto de galeras.

Praticamente interditado, aquele trecho da S-24 é muito disputado por ambulantes, pedestres e motociclistas. As festas vão até o amanhecer.

Órgãos fiscalizadores dizem que estão agindo na Capital

A Prefeitura de Boa Vista informou que, por meio da Divisão de Fiscalização da Secretaria Municipal de Gestão Ambiental e Assuntos Indígenas (SMGA), atende a cerca de 100 denúncias sobre poluição sonora por semana. Só no ano passado foram apreendidos aproximadamente 70 aparelhos de som. A prefeitura reforça que desde o dia 1º de janeiro deste ano as apreensões continuam.

As ações de fiscalização ocorrem em parceria com a Superintendência Municipal de Trânsito (Smtran) e com a Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipa) da Polícia Militar. A multa mínima por executar poluição sonora varia de R$ 500,00 a R$ 10 mil. A prefeitura esclarece que, no caso de o infrator dificultar a atuação dos fiscais, ele pode ser preso em flagrante por desacato a funcionário público (artigo 331 do Código Penal).

O volume permitido para uso de som automotivo em locais abertos é de até 85 decibéis. Em residências ou bares, esse volume cai para 70 decibéis até as 22h. A partir desse horário cai mais ainda, para 55 decibéis. Os equipamentos de som encontrados fora da conformidade legal são apreendidos e recolhidos ao depósito da SMGA.

CIPA – O Governo de Roraima informa que a Cipa da PM, quando solicitada, acompanha e apoia as ações dos agentes de fiscalização da Secretaria Municipal de Gestão Ambiental de Boa Vista. A entidade municipal é a responsável por lidar com as ocorrências, denúncias e multas referentes à poluição sonora na Capital.