A Casa do Pai, uma das poucas instituições dedicadas ao tratamento de dependentes químicos em Roraima, está fazendo a campanha “1 Real por uma Vida” para arrecadar recursos e construir sua sede própria. Atuando no Estado desde 2006, este ano a instituição faz dez anos de serviços prestados e, segundo o coordenador da instituição, JR Lessa, mais de 70 dependentes já foram recuperados. Atualmente, a Casa esta cuidando de 24 dependentes químicos, mas a lista de espera por vagas já ultrapassa 800 nomes.
“São pessoas de todas as classes que estavam à margem da sociedade e vivendo uma vida fora dos padrões aceitáveis. A Casa do Pai resgata essas pessoas oferecendo o tratamento e o devolve para a família e para a sociedade. Mas nosso espaço é pequeno e só podemos tratar até 24 pessoas por vez e cada tratamento dura em média seis meses”, frisou.
Todo trabalho feito no local é voluntário por médicos, terapeutas, técnicos em dependência química e monitores, além da participação da família. Porém JR informou que antes de iniciar o tratamento, todos os dependentes químicos passam por psicólogos e psiquiatras do CAPS-AD (Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Outras Drogas (CAPS–AD), programa do Governo Federal.
“Todos que nos procuram encaminhamos para o CAPS, que faz o primeiro atendimento com o laudo psiquiátrico e depois e que encaminhamos para internação na Casa do Pai e se precisarmos de uma consulta o dependente é levado para o CAPS”, disse.
O coordenador afirmou que não cobra pela internação e, de acordo com dados da Comunidade Terapêutica, cada interno custa, em média, R$ 1.500,00 por mês. “Algumas famílias contribuem com uma cesta básica, mas a maioria dos internos é de pessoas que vieram do fundo do poço e não tem condições de colaborar. Mas quanto ao poder público, não temos nenhum apoio. O poder público é omisso neste sentido, não temos nenhuma parceria”, frisou.
Ele ressaltou que precisa desse apoio e que o número de famílias que têm pelo menos um membro com problemas de dependência química vem crescendo em Roraima. “Hoje a dependência química é uma questão epidêmica e temos o Beiral como nossa Cracolândia e onde se vê pais de famílias sem nenhuma perspectiva de vida”, disse.
Entre os pacientes internos, ele disse que aparecem de todas as classes sociais, credos e posições, mostrando que a droga atinge a todos. “São médicos, policiais, mecânicos e pessoas de todas as classes”, disse ao ressaltar que a campanha visa arrecadar recursos para construir uma casa maior, bem próximo ao local onde hoje está instalada, na região do Água Boa, zona rural de Boa Vista.
“Hoje estamos instalados numa casa doada pela igreja e temos um terreno doado por um médico de Brasília. Cada real depositado em uma das 50 urnas espalhadas pela cidade vai entrar no caixa para começarmos a construir”, disse. As urnas podem ser encontradas em supermercados, farmácias e repartições públicas em vários bairros de Boa Vista. (R.R)