Cotidiano

Crianças continuam nos corredores e pais criticam demora no atendimento

Mãe denuncia que quando sua filha estava internada, havia apenas duas médicas residentes na unidade hospitalar

Quartos, leitos e corredores lotados e falta de médico continuam sendo as principais queixas de pais que levam seus filhos para serem atendidos no Hospital da Criança Santo Antônio, localizado no bairro 13 de Setembro, zona sul. As reclamações, que não são recentes, têm-se intensificado e nada tem sido feito para solucionar a situação, nem mesmo para amenizá-la. 
Nesta terça-feira, uma servidora pública, que preferiu não se identificar, procurou a Folha para registrar o descaso na saúde pública. Ela contou que no sábado sua filha, de um ano e sete meses, passou mal e precisou de atendimento na unidade hospitalar. Depois de muita espera, a criança foi diagnosticada com gastroenterite, um tipo de inflamação que afeta o estômago e o intestino e foi liberada para voltar para casa.
Segundo a mãe, na madrugada do domingo, a filha apresentou piora e foi levada novamente ao hospital, onde precisou ser internada e ficar em observação. A servidora conta que não havia leito nem quartos disponíveis, somente cadeiras nos corredores. Para mostrar a situação, ela gravou um vídeo, no próprio celular, e compartilhou-o em redes sociais. Além da falta de espaço, a mãe reclamou que, pela segunda vez, houve demora no atendimento. “O jeito foi esperar. Todos os quartos e todos os leitos estavam lotados. Eu e meu esposo ficamos com nossa filha numa cadeira no corredor”, relatou. “Estou indignada com isso!”, disse.
A servidora conta, ainda, que no domingo, pela manhã, sua filha já passava bem e aguardava apenas avaliação médica para receber alta para recuperar-se em casa. Ela afirma que havia somente duas médicas residentes para atender as crianças de toda a unidade. “Minha filha só foi liberada às 13h30. Como pode um hospital ter somente duas médicas para atender cerca de 200 crianças?”, questionou. “O hospital é cheio de câmeras nos corredores, mas eles [gestores] só monitoram os funcionários. Não enxergam a situação pela qual as crianças passam”, comentou.
Insatisfeitos com o serviço, a mãe conta que ela e outros pais se reuniram e procuraram a direção do hospital para pedir providências, mas encontraram apenas uma assistente social. Ela relatou, ainda, que a ouvidoria não estava funcionando. “Quando procuramos a saúde pública, somos tratados como bichos”, desabafou. “Não sabemos mais para onde correr. Pagamos impostos e está aí o resultado: recebemos um serviço que não tem qualidade alguma”, acrescentou.
PREFEITURA – A Folha tentou contato com a Prefeitura de Boa Vista para saber a respeito da situação e por que providências ainda não haviam sido tomadas, uma vez que as reclamações têm sido constantes. Até o fechamento da matéria, a Prefeitura não se pronunciou sobre o assunto.