Cotidiano

Números caem, mas índices ainda são altos

Dados mais recentes mostram que número de crimes contra a mulher caiu de 2014 para 2015, mas homicídios dispararam em dez anos

Segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesau), em relação a crimes cometidos contra a mulher, em 2014 foram registrados 6.411 casos contra a pessoa, dos quais 2.677 foram de ameaça, 1.812 de lesão corporal e 9 homicídios, sendo o restante de crimes como calúnia, maus-tratos, constrangimento ilegal, entre outros crimes contra a pessoa. Foram registrados também 452 casos de crime contra a liberdade e a dignidade sexual, sendo 276 casos de estupro, 29 casos de assédio sexual e o restante de crimes divididos em sedução de menor, tentativa de estupro, ato obsceno, entre outros.

Em 2015, o número de casos de crime contra a pessoa caiu para 4.069. O número de casos de ameaça caiu para 2.124, lesão corporal subiu para 1.052 e o de homicídios caiu para quatro. Os casos de crime contra a liberdade e a dignidade sexual caíram para 417, sendo que o número de casos de estupros aumentou para 146 e os casos de assédio sexual caíram para 4.

Apesar da queda da violência contra a mulher de 2014 para 2015, segundo dados do “Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil”, divulgado em novembro de 2015, o número de homicídios contra mulheres cresceu 500% nos últimos dez anos em Roraima.

Violência tem a ver com a desigualdade, diz sociólogo

O sociólogo Linoberg Almeida considera que o índice de homicídios está relacionado à desigualdade. “O elevado índice de violência mora efetivamente na contínua desigualdade entre o universo de homens e mulheres na nossa sociedade. Essas mulheres são vítimas de violência dentro de casa, fora de casa, no lugar de trabalho, dentro da família, em qualquer ambiente. Elas são vítimas de relações de poder, desigualdades sociais e culturais, que afetam seus direitos fundamentais. O Estado é muito devagar nas medidas para cuidar dessas mulheres”, analisou.

Para ele, a diminuição dos índices só se dará a partir da quebra de conceitos machistas e patriarcais da sociedade. “Mulheres são vítimas de assédio seja nas ruas ou na internet. Vivem o dia a dia da violência em vários cenários. Se não tentarmos inverter esses padrões culturais o quanto antes, mulheres continuarão sendo vítimas em números maiores do que o universo masculino”, frisou.