Cotidiano

Vila Jardim é alvo de furtos e assaltos

Apesar de Residencial ganhar um posto da Polícia Comunitária, moradores reclamam da crescente ação de ladrões

A insegurança virou parte da rotina diária dos moradores do Residencial Vila Jardim, localizado no bairro Cidade Satélite, zona Oeste da Capital. A onda de furtos e de assaltos nas redondezas do conjunto habitacional, que ocorre inclusive dentro dos apartamentos, tem tirado o sono da vizinhança e assustado os moradores.

Três meses após a entrega dos imóveis, ocorrida no dia 9 de dezembro do ano passado, a reportagem da Folha esteve no local, que se tornou alvo constante de ladrões e membros de galeras, segundo relato das famílias que moram nos apartamentos.

Assustados com a criminalidade no local, quem mora no andar térreo dos edifícios se viu obrigado a instalar grades de proteção nas janelas para evitar que tivessem os apartamentos arrombados. “Foi a única saída que nós encontramos. Eu e muitos outros tivemos que pagar do próprio bolso para tentar ter mais segurança”, disse um morador.

Conforme ele, que preferiu não se identificar, a falta de policiamento no residencial tem se tornado prato cheio para os marginais. “Raramente vemos alguma viatura do Ronda no Bairro por aqui. Eu já tive meu apartamento arrombado, fui assaltado e tenho que me trancafiar dentro de casa, quando deveríamos ter mais segurança”, lamentou.

A principal reclamação no conjunto habitacional é quanto aos furtos de motocicletas e bicicletas. “Eu moro no andar de cima e tenho que subir as escadas com a bicicleta, porque os ladrões já roubaram várias aqui. As outras pessoas deixam as motos dentro dos edifícios para que não sejam roubadas”, relatou um outro morador.

A insegurança é apenas um dos inúmeros problemas enfrentados pelas famílias no Residencial Vila Jardim. Recentemente, a Folha noticiou a cobrança por parte dos moradores para que a Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima) organize eleições para a escolha de síndicos e representantes de blocos.

Segundo a dona de casa Bianca Costa, até agora a situação ainda não foi resolvida. “A maioria dos blocos são bem desorganizados. Não tem síndico e nem regras. A gente não consegue descansar de dia, porque as crianças ficam jogando bola e quebrando os vidros das janelas, além de várias outras situações que ocorrem”, comentou.

Sem regras, o bate-boca entre vizinhos, que não entram em acordo, é constante. As discussões também são frequentes e, segundo os moradores, já houve até agressão física. As discussões são sobre situações que vão desde animais soltos à utilização dos espaços de convivência.

Os moradores ainda cobram a construção de um posto de saúde no Residencial, já que o mais próximo fica a cinco quilômetros dos edifícios. “A gente tem dificuldade de chegar no posto, principalmente porque não passa táxi-lotação e os ônibus demoram, pelo menos, uma hora para passar aqui”, disse a dona de casa.

A aposentada Maria Célia também reclamou do problema no transporte público. “Todo dia espero mais de uma hora por um ônibus. Aqui não tem nem parada para esperarmos e temos que ficar no sol e em pé até que o ônibus chegue”, frisou.

O residencial foi entregue em dezembro pela presidente Dilma Rousseff (PT) e custou R$ 185 milhões. São 2.992 moradias divididas em 121 condomínios, com a área privativa de 39,66 m². Os apartamentos têm sala, dois quartos, cozinha e banheiro, todos dentro das normas técnicas do “Minha Casa, Minha Vida”. Cada proprietário paga uma prestação de R$ 25,00 a R$ 80,00. As unidades devem ser quitadas em 10 anos.

Governo explica sobre eleição de síndicos e diz que Residencial ganhou posto policial

Em nota, o Governo do Estado informou que as eleições dos síndicos só podem acontecer após Convenção Condominial, quando são apresentadas possíveis alterações, leitura da proposta e assinatura da Ata de Concordância com o conteúdo da convenção. Após a convenção, é elaborado edital do processo eleitoral, que elegerá o colegiado gestor de cada condomínio.

A Comissão Técnica de Trabalho Social (CTTS) da Secretaria estadual de Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) realizou, no dia 28 de fevereiro, a Convenção Condominial do Residencial Vila Jardim, que deveria contar com a participação de pelo menos dois terços dos moradores de cada condomínio, pois a Convenção é realizada separadamente.

No entanto, o número de abstenção dos moradores foi expressivo e será necessário marcar uma segunda convenção. A nova data será definida da mesma forma que foi a primeira, em reunião com a CTTS e representantes dos condomínios.

Ressaltamos que a escolha do colegiado gestor deve acontecer em um processo democrático, como determina a Lei do Condomínio n. 4.591/64 e para que ocorra de forma mais célere é necessário o empenho de todos os moradores do Residencial.

Quanto ao policiamento, recentemente, o Comando-Geral da Polícia Militar instalou uma unidade móvel da Polícia Comunitária no residencial, cuja finalidade é coibir a criminalidade no bairro Cidade Satélite. O morador que tiver algum problema em relação à segurança, seja de urgência ou emergência, pode procurar o posto da polícia dentro do Residencial ou entrar em contato com o telefone 190 para que a polícia realize o devido atendimento à ocorrência.

Prefeitura informa que setor tem duas linhas de ônibus

Também em nota, a Prefeitura de Boa Vista informou que o Residencial Vila Jardim é atendido por duas linhas, a 104 do bairro União e a 314, do Cidade Satélite. Esclareceu que a Diretoria de Mobilidade Urbana da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur) colocará uma equipe técnica de fiscalização a fim de verificar a demanda para que posteriormente sejam feitas melhorias no atendimento do transporte coletivo naquela localidade.

A prefeitura reforçou que conforme o projeto de Mobilidade Urbana da cidade de Boa Vista, os abrigos de ônibus estão previstos para serem construídos no início de maio, contemplando o Vila Jardim. (L.G.C)