Polícia

PM mata a tiros homem que reagiu à ordem de desocupação de terra

Versão da PM e da Guarda Municipal é que homem resistiu à ordem de desocupação de área e agrediu um policial militar

Por volta das 9h de ontem, um homem que ainda não foi identificado morreu durante confronto com guardas municipais e policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope). A confusão ocorreu quando fiscais da Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur), com apoio da Guarda Municipal, foram até o local retirar as pessoas que ocupavam a área, próxima ao Anel Viário, após o Conjunto Pérolas, na zona Oeste. De acordo com a polícia, um dos invasores ameaçou um dos policiais militares com um pedaço de madeira, que acabou quebrando dois dedos do policial e deslocando o pulso.

Quando outro policial percebeu que o companheiro corria perigo, atirou duas vezes no agressor, que morreu na hora. As pessoas que estavam acampadas na gleba Cauamé foram retiradas do local. Além da vítima fatal, outras sete pessoas foram encaminhadas ao 4º Distrito de Polícia para prestar esclarecimentos. A polícia recebeu a informação de que elas estariam de posse de uma arma de fogo, de fabricação caseira, mas a arma não foi apresentada. Ainda de acordo com a polícia, os ocupantes da área estavam de posse de coquetel molotov, arma branca, pedaços de madeira e pedra.

Em coletiva de imprensa à tarde, o presidente da Emhur, Sérgio Pillon, e o comandante do Policiamento da Capital (CPC), Egberto Lima, explicaram que a ação foi necessária, pois foi em legítima defesa. Conforme o comandante, o invasor já havia levado um tiro no braço, mas continuou a avançar para cima do policial.

Pillon disse que a Guarda Municipal estava cumprindo seu papel em cumprir a lei, visando impedir o crescimento desordenado urbano, pois o local não oferece condições mínimas. “Nós tivemos que impedir a ocupação do local, pois, sem planejamento, aquelas pessoas não viveriam em condições dignas. Daqui a pouco, a Justiça estaria nos cobrando estrutura no local inadequado e fora do planejamento da cidade”, destacou.

OUTRO LADO – Um dos ocupantes do local falou com a Folha ontem à noite. Ele disse que os fiscais da Emhur e guardas municipais chegaram ao local sem conversar ou informar nada. “Eles já chegaram nos agredindo, dizendo que nós somos vagabundos, desocupados, que merecemos apanhar mesmo para ir atrás de trabalhar”, frisou um auxiliar de serviços gerais, de 26 anos, integrante da Associação do Produtores Rurais de Roraima e que ficou ferido na confusão.

Segundo ele, não havia nenhuma arma caseira em posse deles. “Por que a polícia não mostrou a tal arma a vocês, da imprensa, para provar o que eles disseram?”, questionou. Ele disse que está indignado com a truculência da polícia ao agredir o companheiro de ocupação. “Nós nos reuniremos e vamos mover uma ação contra o poder público pela falta de respeito, como estamos sendo tratados, e pelo que aconteceu com o nosso colega, que apenas reagiu às agressões que estava sofrendo por parte da polícia”, frisou. (T.C)