Cotidiano

Mucajaí concentra maioria dos focos de incêndio do Estado

Conforme o sistema de Monitoramento de Queimadas do Inpe, mais de 612 focos de calor foram detectados no município somente ontem

Desde o final de 2015, Roraima tem enfrentado uma das piores estiagens de sua história. Além da falta d’água em algumas localidades, o número de incêndios tem deixado os órgãos ambientais em situação de alerta.

Somente ontem foram registrados no Estado aproximadamente 1.168 focos de calor, seguindo dados do Sistema de Monitoramento de Queimadas e Incêndios, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número por si só assusta, já que ainda não chegamos nem na metade do verão roraimense.

“O tempo em Roraima permanece quente e como as previsões de chuva para este mês não se confirmaram, o número de incêndios voltou a crescer novamente, o que nos obriga a redobrar o nosso foco nessa questão”, contou o subcomandante do Corpo de Bombeiros e coordenador da Operação Estiagem em Roraima, coronel Francisco Fidelis.

Ainda de acordo com os dados do Inpe, dos 1.168 focos registrados ontem, 612 se concentraram no município de Mucajaí, na região Centro-Oeste; seguido do Cantá (Centro-Leste), com 256 focos; Caracaraí (Sudeste), com 170 focos; Bonfim (Leste), com 39 focos; Rorainópolis, com 27 focos; Iracema (Centro-Sul), com 12 focos; Boa Vista, com 9 focos; Normandia (Leste), com 6 focos; São João da Baliza (Sul), com 4 focos; São Luiz do Anauá (Sul), com 4 focos; Caroebe (Centro-Sul), com 2 focos; e Amajari (Norte), com 1 foco.

Para amenizar a situação, o Corpo de Bombeiros, em parceria com outros órgãos como a Defesa Civil, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Exército, vem desenvolvendo uma série de ações para minimizar os efeitos das queimadas no Estado, principalmente nas áreas de preservação ambiental. Ao todo, mais de 400 homens participam das atividades.

“Quando nos remetemos especificamente à questão dos focos de calor, a preocupação é sempre redobrada. Há dias em que chegamos a registrar mais 400 focos de calor e, infelizmente, esse número tende a piorar. Por esse motivo, nós mantemos vigilantes todas as nossas 14 bases avançadas, principalmente nas regiões mais afetadas, justamente para dar uma resposta mais rápida para a população dessas localidades”, destacou Fidelis.

Além da preocupação com as queimadas, a oferta de água potável é outro ponto observado com preocupação pelo órgão. Só para se ter uma ideia, o nível do Rio Branco, principal afluente do Estado, registrou ontem a marca de 0,59 m, considerado dentro do volume mínimo de captação. A situação é ainda pior em municípios mais afastados da zona central do Estado, como Uiramutã, Pacaraima, São Luiz do Anauá e Caroebe, que apresentaram problemas de abastecimento de água.

Para socorrer as localidades com essa problemática, o órgão, juntamente com a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer), desenvolveu um cronograma de ações para levar água potável à população. Já a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) é a responsável por promover a abertura de cacimbas e bebedouros, com a finalidade de atender aos produtores rurais do Estado.

“Qualquer localidade que apresente essa dificuldade pode entrar em contato conosco, seja nas nossas bases avançadas ou presencialmente na nossa sede na Capital, para que possamos fazer uma análise, para inclui-la nesse cronograma”, frisou.

EXPECTATIVA DE CHUVAS – Ainda de acordo com o coordenador da Operação Estiagem, a previsão de chuvas para o Estado deverá ocorrer somente na terceira semana de abril. Até lá, as equipes deverão manter-se em alerta máximo, tanto para novas ocorrências de incêndios quanto na questão do abastecimento de água.

“Os especialistas que estiveram conosco informaram que há previsões de chuva para 15 de abril na região Sul do Estado, mas enquanto não houver uma frequência maior de chuvas, as bases avançadas continuarão em atividade, até que a situação dos focos de calor venha a ser minimizada. Destacando ainda que, em relação ao déficit hídrico, será necessário realizar avaliações contínuas, já que as previsões para esse primeiro momento é que essa questão não seja sanada de imediato”, concluiu. (M.L)