Cotidiano

Construção Civil perdeu mais de mil postos de trabalho em 2015

Conforme o Sindicato da Indústria da Construção Civil, a crise política e financeira foi a principal responsável por enfraquecer o setor no Estado

Não diferente da realidade enfrentada no resto do País, o setor da construção civil em Roraima também vem passando por um momento bem conturbado. De acordo com o Sindicato das Indústrias da Construção Civil de Roraima (Sinduscon-RR), o setor teve de demitir mais de mil trabalhadores no ano passado. O pior resultado dos últimos 10 anos.

“O empresariado tem buscado de todas as formas manter o funcionário em sua empresa. No entanto, chega um momento em que as tentativas acabam se esgotando, e não vendo mais a possibilidade de manter esse trabalhador, acabam optando por demiti-lo”, afirmou o vice-presidente do Sinduscon, Clerlânio Holanda.

Ainda de acordo com Holanda, somente em janeiro deste ano, já foram confirmadas 434 demissões no setor em Roraima, ficando acima do número de contratações, que foi de 307 novos postos de trabalho. Ele explicou que essa redução se deu por vários motivos, porém, os principais deles giram em torno da crise política e financeira que o País enfrenta atualmente.

“Infelizmente, os investimentos públicos em programas como o ‘Minha Casa, Minha Vida’ encontram-se engessados. Ou seja, não estão acontecendo ou estão ocorrendo de forma muito tímida, de forma que as empresas não estão tendo um fluxo financeiro para poder concluir suas obras. Então, muitas empresas estão tendo dificuldade para continuar suas atividades, tudo em função dessa crise, e o que é pior, não há clima de estabilidade para resolver esse impasse”, contou.

Outro fator destacado por Holanda para a desaceleração no setor foi a alta na taxa de juros cobrada pelos bancos a quem procura financiamento para comprar a casa própria. Com o crédito mais alto, menos empresas são contratadas para construir, influenciando diretamente na contratação de pessoal.

“No ano de 2015, eles endureceram bastante as regras para a liberação dos financiamentos. Então, a crise que foi repassada ao País fez com que os bancos aumentassem as taxas de juros e restringissem o crédito, fazendo com que menos pessoas tomassem financiamento. Com menos acesso ao crédito, consequentemente, menos empresas foram contratadas para realizar as suas construções”, pontuou.

Para o empresário, enquanto não houver um esforço concentrado dos agentes públicos em resolver a questão política do país, a crise deverá continuar afetando não apenas a construção civil, mas também aos demais setores da economia.

“O setor não tem expectativas porque o cenário político no país está tendo constante mudança. Enquanto não se resolver essa questão política, a economia continuará estagnada. A gente entende que só depois dessas mudanças que ocorrerem no setor político é que teremos como ter uma definição de crescimento a curto prazo”, concluiu. (M.L)