Política

Telmário critica Moro, mas diz que não assinou ação contra juiz no CNJ

Na ação que pede a abertura de um processo disciplinar contra juiz da Lava Jato consta apenas o nome da senadora Ângela Portela

Um grupo de senadores governistas está movendo uma ação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que seja aberto um processo disciplinar contra o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo andamento das investigações da Operação Lava Jato. O documento solicita que seja feita uma investigação disciplinar na conduta adotada por Moro ao retirar o sigilo das conversas interceptadas do ex-presidente Lula, entre as quais aparece a presidente Dilma Rousseff (PT).

No arquivo do processo encontrado no site do CNJ, uma lista virtual destaca o nome dos 14 requerentes da base, dentre eles o dos senadores roraimenses Telmário Mota (PDT) e Ângela Portela (PT). Contudo, anexo ao processo está outra lista digitalizada comprovando quem realmente requer a investigação. Nesta lista consta apenas a assinatura da senadora Ângela Portela.

Em contado com o senador Telmário Mota, na tarde de ontem, 24, ele enfatizou que não assinou o pedido e que, portanto, não é um dos requerentes do processo. Mota explicou que “houve uma confusão” ao adicionarem o nome dele na lista de requerentes.

“Três dias atrás, eu fiz um pronunciamento no Senado alegando que o juiz Moro estava correto em ir a fundo para desmascarar a corrupção no País, por isso eu não me senti à vontade para assinar o documento. Mas, como sou da base do governo, os outros senadores que o elaboraram me incluíram. Mas eu repito: não faço parte desta ação”, detalhou.

Conforme Telmário, “quem errou, tem que ser penalizado”. “Pode ser o Lula ou quem for. Eu admiro a conduta do juiz ao investigar e comprovar esse mar de corrupção que assola nosso País”, disse ao destacar que, mesmo não fazendo parte do processo, tem uma ressalva nas atitudes tomadas por Moro na condução das investigações.

“Eu não concordo quando ele retirou o sigilo das investigações e revelou os grampos telefônicos. Acredito que, se a lei aponta que esse tipo de investigação deve ser sigiloso, o juiz deve seguir como tal. As pessoas podem até achar bonito agora, mas se um dia acontecer com elas, irão perceber que a lei já não está acima de tudo, e sim a vontade de quem a conduz. Mesmo assim, eu não assinei o processo”, frisou o senador.

ÂNGELA – Diferente dele, a assinatura da senadora roraimense Ângela Portela consta no documento. A Folha procurou a assessoria da senadora, que se comprometeu em comentar seu posicionamento, mas até o fechamento desta matéria, não houve retorno.

NOMES – A lista dos que assinam o pedido é a seguinte: Donizeti Nogueira (PT-TO), Fátima Bezerra (PT-RO), Gleisi Hoffman (PT-PR), Jorge Viana (PT-AC), José Pimentel (PT-CE), Lídice da Mata (PSB-BA), Lindbergh Farias (PT-RJ), Maria Regina Sousa (PT-PI), Paulo Rocha (PT-PA), Humberto Costa (PT-PE), Roberto Requião (PMDB-PR) e Vanessa Grazziotin (PC do B-AM).

O CASO – Na semana passada, o juiz federal Sérgio Moro retirou o sigilo das interceptações telefônicas feitas por Luís Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Lula. O juiz justificou o sigilo porque as informações contidas nas ligações seriam de domínio público após o término do período de grampo.

Algumas gravações de Lula incluíam conversa com a presidente Dilma Rousseff (PT). De acordo com Moro, essas gravações foram feitas após ter decretado o fim das interceptações porque a operadora foi notificada depois. “Não havia reparado antes no ponto, mas não vejo maior relevância”, escreveu o juiz.