Um dos destaques da 1ª Conferência do Povo Ingarikó, ocorrida durante o feriado prolongado na Comunidade Indígena Manalai, na Raposa Serra do Sol, foi a discussão e a integração da etnia em temas como religião e crenças, técnicas de produção artesanais e agrícolas, além de como os povos podem lidar com conhecimentos absorvidos de novas tecnologias não-indígenas que os indígenas da região conhecem como “karaiwá”.
Localizada em região de serras, no município de Uiramutã, Nordeste do Estado, cerca de 600 quilômetros da Capital, a Comunidade Manalai tem hoje 450 habitantes. O acesso à região se dá somente via aérea, por meio de aeronave de pequeno porte ou caminhando durante quatro ou cinco dias entre serras e igarapés.
Participaram das discussões mais de mil indígenas, de etnias diferenciadas, da comunidades da Terra indígena Raposa Serra do Sol e faixas fronteiriças, incluindo os Akawai e Patamona, da Guiana e alguns representantes Macuxi. No entanto, a maioria dos participantes foi o povo Ingarikó, que compartilhou conhecimentos sobre sua cultura, métodos e costumes.
No dia 27, quando foi comemorado o Sábado de Aleluia, a governadora Suely Campos, acompanhada do secretário-adjunto do Índio, Dilson Ingarikó e comitiva, visitou a região para acompanhar de perto a reunião de lideranças e comunidades da etnia indígena que tradicionalmente habita a porção Nordeste de Roraima e abrange ainda faixas fronteiriças da República da Guiana e Venezuela.
A comitiva do governo foi recepcionada com canções e danças típicas do “Areruia”, religião sincrética que os Ingarikó praticam e que cobre uma parte considerável das atividades diárias da etnia indígena.
“Nós também cantamos o ‘Areruia’ para que a governadora tenha a força espiritual para enfrentar qualquer situação”, relatou o secretário-adjunto do Índio, Dilson Ingarikó. “Sabemos que governar não é uma tarefa fácil, e a nossa religião nos orienta que todo ser humano precisa influenciar de forma positiva e do jeito que puder para que as coisas funcionem bem e continuem a melhorar ainda mais”, afirmou.
A Conferência foi importante porque permitiu que não somente o povo da etnia Ingarikó, mas também membros de comunidades Macuxi pudessem participar da difusão de conhecimento indígena e discutir políticas públicas e organizacionais.
Suely explicou que pessoalmente insistiu muito para fazer a visita à Comunidade Manalai, localizada em uma região contemplada pela natureza e que possui muitos rios, a exemplo do Cotingo, e muitas cachoeiras, típicas da geografia local.
“A região é belíssima, é mágica. Mas, além disso, enquanto gestores, nós viemos para o Manalai buscar uma maneira de fortalecer a cultura e consequentemente a renda dos Ingarikó por meio do artesanato. E essa conferência nos mostrou que eles são especiais nesse tipo de produção. A cestaria é feita com perfeição e as panelas de barro são incríveis. É uma cultura rica que nós, como roraimenses temos que valorizar”, disse a governadora.
A visita também acompanhou as discussões envolvendo políticas públicas que permitam o povo Ingarikó a melhorar sua condição de vida e escutou demandas em relação à Saúde, Educação e Cultura.