Em meio ao caos enfrentado no sistema prisional de Roraima, com fugas recorrentes ocorridas na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (Pamc), um programa desenvolvido por um agente carcerário da Polícia Civil tem demonstrado eficiência no trabalho de recaptura de foragidos.
Trata-se do sistema “Canaimé”, que utiliza banco de dados com mais de dez mil cadastros de infratores, de pessoas com histórico prisional, foragidos ou com mandados de prisão em aberto, que pode ser consultado 24 horas por meio de dados pessoais. O programa tem até um registro com milhares de características físicas, que também ajudam a identificar o elemento investigado ou suspeito.
Instalado há 10 anos em todas as unidades prisionais do Estado, o programa foi implementado pela Divisão de Inteligência e Captura (Dicap), da Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc). O criador do sistema, Arthur Júnior, explicou que o “Canaimé” é fundamental para subsidiar as ações da polícia. “Tem todos os dados pessoais dos presos que entram no sistema prisional, além do histórico deles dentro das unidades prisionais”, destacou.
Conforme ele, além da Divisão de Captura, as informações guardadas no banco de dados são compartilhadas com a Justiça. “Quando a gente precisa de informações, tem a possibilidade de acessar a pesquisa no banco de dados e um outro sistema que compartilha das mesmas informações e das atividades da Dicap. Nós temos como fazer uma pesquisa mais aprimorada e auxiliar os policiais que buscam informações nas ruas em casos de abordagens”, disse.
Segundo o policial civil, a ideia em criar um mecanismo para auxiliar a polícia surgiu diante das dificuldades no trabalho de investigação. “Nós não tínhamos nenhum sistema, tudo que era feito era manuscrito ou com máquinas de datilografia, o que impossibilitava o trabalho de todo mundo. Antes desse sistema, presos sequer cumpriam o tempo de prisão deles por falta de controle”, relatou.
A alimentação do programa é feita diariamente com inserção de novos dados e podem ser acessados pela rede social WhatsApp com a criação de grupos com unidades policiais do Estado e federais. “Os servidores que trabalham na parte administrativa alimentam diariamente, e na Divisão também existem servidores que cuidam dessa alimentação de dados. Quando o policial na rua solicita informação sobre um suspeito, ele nos manda fotos e tudo é armazenado para servir como consulta futura”, explicou.
EXPANSÃO – O sistema sofreu recente expansão com a criação do “Canaimé 2” e o “Canaimé SCI” (Sistema de Cadastro de Infratores). O primeiro é responsável pela parte de informações dos detentos do sistema prisional de Roraima e auxilia a Justiça no adiantamento das progressões de regime e no cumprimento das penas. Já no SCI está o cadastro de mais de três mil infratores que passaram pela Dicap.
No sistema prisional, o sistema tem o cadastro de todos os presos e de seus familiares. Assim, durante as visitas, os agentes controlam a entrada e a saída de todos os visitantes.
Em 2014, o “Canaimé” foi indicado ao Prêmio Innovare, que reconhece instituições que estejam aumentando a qualidade da prestação jurisdicional e contribuindo com a modernização da Justiça Brasileira. (L.G.C)