Cotidiano

Pesquisa aponta que homicídios no Estado caíram 25% de 2013 a 2014

O Atlas da Violência no Brasil, realizado em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), apontou redução nos índices de violência em Roraima. Entre os destaques, está a queda de 25% no número de homicídios cometidos no Estado entre os anos de 2013 e 2014.

Segundo a análise, baseada principalmente nos dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, Roraima registrou 214 assassinatos de janeiro a dezembro de 2013, enquanto que no mesmo período de 2014 o número caiu para 159. Neste mesmo ano, a taxa de homicídios foi de 32 pessoas para cada 100 mil habitantes, 16% maior entre os estados brasileiros.

Em Roraima, a morte violenta de jovens entre 15 e 29 anos também teve redução de 27% no período apontado na pesquisa. Ao todo, 57 jovens dessa faixa etária foram mortos em 2014 no Estado. A taxa de homicídios por 100 mil jovens chegou a 70, menor do que o índice de 95,7 registrado em 2013.

A pesquisa também mostrou as taxas de vitimização de indivíduos negros e não negros no Estado. Em 2014, a taxa de homicídios de negros em Roraima foi de 26,2 por 100 mil habitantes, a 6ª menor entre as unidades da federação. O Estado, porém, lidera a lista de homicídios contra não negros, com uma taxa de 43,8 por 100 mil habitantes.

Em relação à violência contra a mulher, os dados apontados na pesquisa são alarmantes. Entre 2004 e 2014, Roraima apresentou a maior taxa de mortalidade por homicídio de mulheres entre todos os estados, com 9,5, mais que o dobro da média nacional, que é de 4,6. A variação no período foi de 288,6%. Ao todo, 23 mulheres foram assassinadas no Estado em 2014.

Neste mesmo ano, 44.861 pessoas sofreram homicídio em decorrência do uso das armas de fogo, o que correspondeu a 76,1% do total de homicídios ocorridos no País. Por outro lado, Roraima foi o Estado que menos registrou homicídios por arma de fogo, com apenas 50 ocorrências, 20 a menos que em 2013.

Sociólogo diz que Roraima não tem metodologia que comprove dados

O sociólogo Linoberg Almeida afirmou que os dados de violência sobre Roraima que constam no Atlas da Violência não são totalmente confiáveis. “Não é que eu queira dizer que nada melhorou. As coisas podem até ter melhorado, mas existem certas indefinições de dados. Quando se preenche o Mapa, é preciso estabelecer uma espécie de metodologia ou um centro específico que faça a captação dos dados. Em Roraima a gente não tem uma metodologia específica e os dados que saem da secretarias estão sempre em choque”, disse.

Conforme ele, os números apresentaram redução sem que o Estado implementasse políticas que gerassem a diminuição da violência. “Quando falamos sobre os dados que estão no Mapa, Roraima está entre os estados que precisam estabelecer metodologia para trabalhar com isso desde a coleta até a estrutura das delegacias”, afirmou.

Para o sociólogo, apesar dos investimentos em segurança pública, Roraima não teve a diminuição esperada na violência. “Especialmente nos dados de violência contra a mulher. O que acontece é que tem mais mídia trabalhando a pauta de segurança pública, que também aparece mais em época de eleição e devido à crise do sistema prisional”, explicou.

A violência em Roraima, de acordo com o sociólogo, atinge mais negros e indígenas do que o restante da população. “Quando se pensa em política pública, tem um monte de indígenas vítimas de violência que as pessoas não caracterizam como indígenas, mas como não brancos ou negros. Os dados retratam a realidade, mas parece mascarar a diferença entre negros e indígenas”, frisou. (L.G.C)

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