Cotidiano

Barracos são demolidos em invasão

Na ação, um homem, teria sido ferido pela Guarda Civil Municipal e detido por desacato à autoridade

Equipes da Emhur (Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional de Boa Vista)  acompanhadas da Guarda Civil,  desocuparam,  na manhã desta sexta-feira, dia 17, a área invadida região do Bom Intento, depois da ponte do Cauamé, ao lado da Obra do CSE (Centro Sócio Educativo), na saída para Venezuela, onde há mais de 24 dias, mais de três mil pessoas, que ocupavam o local, foram desalojadas.
A ação das equipes do Município gerou confusão e a via que dá acesso ao local foi fechada por duas horas pelos sem-teto. Os invasores afirmam que “foram orientados pelo Iteraima [Instituto de Terras de Roraima] a se alojar na área”.
Na ação, um homem, teria sido ferido pela Guarda Civil Municipal, de acordo com os invasores. E outro teria sido detido por desacato a autoridade.
Para o líder da ocupação, Hércules Sousa, a atitude foi “covarde”. “Eles chegaram aqui às 5 horas da manhã com um monte de tratores e caminhões passando por cima de tudo. Estavam todos dormindo, foi um desespero só. Muitas crianças que se assustaram, foram covardes!”, acusou.
Segundo ele, nenhum documento de propriedade da área foi apresentado e, por isso, eles não irão se retirar do local. “Eles não falaram quem mandou nessa ação. Essa área aqui é do Governo, nós já vimos o projeto de habitação e não iremos sair. Eles podem derrubar o que for, mas eu só saio daqui se for num caixão”, afirmou.
Uma moradora, que preferiu não se identificar, disse que está no local desde o começo e que teve todos os pertences dela destruídos. “Eu estava com o meu filho na barraca, coisas que nós compramos e eles chegaram sem avisar. Me senti como se fosse um bandido. Se eu tivesse um lugar para ficar eu não estaria aqui. Mas eles não tiveram pena, destruíram tudo e tiraram a gente da área”, relatou.
GUARDA – Consultados no local, um Guarda Civil Municipal alegou que antes de começar a desocupação, os moradores foram informados e que foi pedido para que eles se retirassem.
PREFEITURA – A Folha solicitou, via email, informações a respeito do ocorrido para Prefeitura de Boa Vista, mas até o fechamento da matéria, às 18 horas desta sexta-feira, não houve retorno.
ITERAIMA – Há mais de uma semana a equipe de reportagem tenta contato com o Iteraima (Instituto de Terras e Colonização de Roraima), para conseguir esclarecimentos sobre as informações apresentadas pelos invasores, porém não conseguiu retorno. (JL)