A busca por uma melhor qualidade de vida tem atraído cada vez mais pessoas a alimentarem-se de forma mais saudável. A opção pelo consumo de produtos orgânicos, ou seja, mais naturais em relação aos tradicionais, tem crescido entre os boa-vistenses.
Na Capital, além dos estabelecimentos que já aderiram aos orgânicos, como frutarias e supermercados, três feiras livres foram criadas só para a venda desse tipo de produto. A HortiVida, uma associação de produtores orgânicos de Roraima, monta barracas todas as quartas-feiras na avenida Capitão Júlio Bezerra, localizada no bairro 31 de março, no finalzinho da tarde, horário acessível para os consumidores que trabalham.
Aos sábados, a associação também monta uma pequena feira, pela manhã, na Praça do Caçari, popularmente conhecida como ‘Amoca’. Outra opção para quem deseja comprar produtos orgânicos é a Feira do Produtor, localizada no bairro Mecejana, zona Oeste.
Segundo o presidente da Hortivida, Francisco Canindé Bessa, a procura por alimentos orgânicos tem crescido em Boa Vista. “A gente avalia de forma positiva, porque é um mercado muito bom. Temos sentido esse crescimento nas feiras e notamos que toda semana chegam novos clientes à procura desse tipo de alimento”, disse.
Nas feiras, a associação oferece dezenas de variedades de produtos, como alface, rúcula, couve, coentro, cebolinha, açaí, tomate, macaxeira, banana, mamão, graviola, batata doce, salsa, abóbora, pimenta de cheiro, pimenta, acerola, limão, laranja, banana-passa, frangos caipira, ovos, requeijão e poupa de frutas. “Tudo 100% orgânico”, garante o produtor.
Ele afirmou que o consumo de produtos produzidos naturalmente, sem a utilização de fertilizantes, agrotóxicos ou transgênicos, traz melhor qualidade de vida à pessoa. “Pelo menos é o que a ciência diz. Quem consome produto químico sempre leva um resíduo, e consumido ao longo dos anos vai acumulando, e quando tiver com uma idade mais avançada, vai sentir. E os orgânicos não utilizam produtos químicos, tudo é feito com compostagem orgânica”, explicou.
Um dos pioneiros na produção de alimentos orgânicos em Boa Vista, o produtor rural Shinji Tabane apostou no mercado alternativo e contou que jamais se arrependeu. “Eu produzo desde 2005 esses orgânicos. Antes usava defensivos químicos e pensei em produzir de forma ecologicamente correta, porque é um tipo de produção economicamente viável”, destacou.
Em sua chácara, localizada no bairro Senador Hélio Campos, zona Oeste, são 14 mil metros de área plantada só com produtos naturais. “Meu forte é cheiro-verde, cebolinha e coentro. Mas também produzo rúcula, salsinha, couve, além de banana, acerola e goiaba. São todos produtos orgânicos, que não utilizam adubo químico nem defensivo agrícola, que são prejudiciais à saúde”, afirmou.
Produtos precisam ter princípios agroecológicos
Para ser considerado orgânico, o produto tem que ser produzido com os princípios agroecológicos que contemplam o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais, respeitando as relações sociais e culturais. Na agricultura orgânica não é permitido o uso de substâncias que coloquem em risco a saúde humana e o meio ambiente. Não são utilizados fertilizantes sintéticos solúveis, agrotóxicos e transgênicos.
Os produtos orgânicos, tanto de origem animal como vegetal, são mais saudáveis e têm mais sabor. Ao consumir os orgânicos, o cidadão tem acesso a todas as vitaminas e minerais preservados. O resultado decorre do manejo diferenciado que é dado às plantas e aos animais.
Custo de alimentação à base de orgânicos é alto
Uma das poucas desvantagens sobre os produtos orgânicos é que são mais caros do que os convencionais, pois são produzidos em menor escala e os custos de produção também são maiores. No País, os custos de uma alimentação à base de orgânicos são, em média, 40% mais caros em relação aos alimentos tradicionais.
Um dos produtos que possuem menor variação é o quilo da banana prata. A orgânica chega a custar R$ 6,49, e a tradicional é vendida por R$ 4,90 (32,44%). A polpa de tomate orgânico pode ser encontrada a R$ 15,72, e o macarrão tipo spaghetti, R$ 9,85. Do outro lado da prateleira, os mesmos produtos são comercializados por R$ 2,09 (polpa) e R$ 1,55 (massa).
Já em relação ao suco de frutas em caixa, a variação do valor dos orgânicos depende da fruta. O sabor mais caro é o de uva, que custa R$ 17,59, o litro, e o mais barato é o de laranja por R$ 9,99. O litro do suco tradicional é encontrado por R$ 4,39, independentemente do sabor. (L.G.C)