Política

PF tenta cumprir novo mandado de prisão contra ex-governador

Além do mandado de prisão, foi concedido pela Justiça Federal quatro mandados de condução coercitiva, busca e apreensão

O ex-governador Neudo Ribeiro Campos (PP) está sendo considerado foragido. A pedido do Ministério Público Federal em Roraima (MPF-RR), a Justiça Federal expediu novo mandado de prisão contra ele e, no início da manhã desta segunda-feira, deflagrou uma operação para cumprir o mandado nas casas e empresa da família dele, mas ele não foi encontrado até ontem à noite.

De acordo com o MPF-RR, suspeita-se que o ex-governador tenha mantido informantes dentro de órgãos judiciais e federais em Roraima para obter informações sigilosas sobre o processo que corre contra ele, motivo pelo qual teria conseguido livrar-se do mandado de prisão expedido pelo juiz federal Helder Girão Barreto no dia 19 de fevereiro.

Também foram cumpridos ontem, pela PF, mais quatro mandados de condução coercitiva, busca e apreensão. A Folha acompanhou quando agentes conduziram um funcionário da residência, não identificado, e também o advogado de Campos, Frederico Leite, até a Superintendência da PF, na zona sul da Capital. Acredita-se que eles sejam os alvos dos mandados de condução coercitiva, mas a Polícia Federal não confirmou nem negou a informação.

Conforme a PF, a “Operação Policial 2003.2” pretende investigar os possíveis responsáveis pelo repasse das informações a Campos. “O objetivo é investigar a atuação criminosa em razão de possível cometimento dos crimes dos artigos 325 e 348 do Código Penal, referentes à violação de sigilo funcional e favorecimento pessoal, a respeito da expedição do mandado de prisão em fevereiro de 2016 em desfavor do ex-governador de Roraima”, diz a nota divulgada à imprensa.

Se preso, Campos deverá cumprir 7 anos e 1 mês de reclusão em regime fechado devido à prática de peculato no envolvimento do esquema conhecido popularmente como “escândalo dos gafanhotos”, alvo da investigação da Polícia Federal denominada “Praga do Egito”, a respeito de crimes de desvio de dinheiro público ocorridos entre 1998 e 2003.  

O esquema consistia no cadastramento de funcionários “fantasmas” na folha de pagamento do Estado e do hoje extinto Departamento de Estradas e Rodagem de Roraima (DER/RR), para distribuição dos salários a deputados estaduais e outras autoridades em troca de apoio político.

O MPF explicou que os mandatos foram autorizados pelo Superior Tribunal Federal (STF), que admitiu a execução da pena criminal após a decisão de segunda instância, independentemente da pendência de recursos direcionados aos Tribunais Superiores.  O inquérito Policial será concluído nos próximos 30 dias.

OUTRO LADO – A Folha tentou falar com Neudo Campos e também com o advogado Frederico Leite, durante todo o dia de ontem, mas nenhuma das ligações foi atendida ou retornada. (JL)

Governadora afirma que não é parte do processo

A governadora Suely Campos (PP) se pronunciou, por meio de comunicado oficial, a respeito da operação deflagrada pela Polícia Federal na manhã de ontem, 04, em sua residência, visando cumprir mandado de prisão contra Neudo Campos, marido da governadora.  Ela ressaltou que “não tem qualquer relação com os fatos investigados nem é parte no processo”.

O Governo do Estado informou que não recebeu, até ontem, qualquer notificação ou solicitação oficial das autoridades policiais e judiciais acerca da operação. “O Governo do Estado acompanha a evolução das apurações, reafirmando seu compromisso com o esclarecimento dos fatos e a transparência das informações, que em nada afetam a governabilidade”, frisou a nota.  (JL)