O assassinato que envolveu mais de 15 pessoas, entre homens e mulheres adolescentes e maiores de idade, num emaranhado de informações desencontradas, teve início pouco depois das 19h30 de sábado, dia 18, na rua Rio Anauá, no bairro Aracelis Souto Maior e findou às 23h15 com a morte do adolescente Vallysnei da Silva Ferreira, de 17 anos.
Além do homicídio, outras três pessoas ficaram feridas e cinco foram presas, dois maiores e o restante menor de idade. Um dos acusados, Marcos Sampaio, 19 anos, foi recentemente liberado do CSE (Centro Sócio Educativo), onde passou quase dois anos também acusado de homicídio.
Toda a confusão, segundo depoimentos e termos de declarações dos envolvidos, começou quando uma adolescente de 16 anos (irmã de Marcos) teria discutido com a esposa de um dos envolvidos, que ingeria bebida alcoólica na casa dela, na companhia de outras amigas. “Ela chegou à minha casa tacando pedras por causa de ciúmes do macho dela, não tenho culpa, se ele foi para lá, foi porque quis”, disse a adolescente à reportagem da Folha.
Depois de ter a residência atacada a pedradas, a adolescente foi para o lado de fora e ambas travaram luta corporal, quando a outra envolvida foi embora levando consigo o marido. Porém, segundo a adolescente, antes de ir, o pivô de toda a confusão passou por ela, fez cara feia e ameaçou-a de morte.
Tempo depois, ainda conforme a jovem, acompanhado de outros cinco rapazes, a maioria adolescentes, ele voltou. “Precisei me esconder no guarda-roupa para não ser morta”, relatou.
Porém, conforme outro envolvido, que é irmão do pivô da confusão, o servente de pedreiro Juliano Pereira Rodrigues, 24 anos, vulgo “Bicudo” – um dos cinco a serem presos pelo crime – ele, acompanhado do irmão e de outros amigos, teria ido até a casa da jovem apenas para dar um susto nela. “Ficamos rindo, tirando onda porque ela havia apanhado da minha cunhada, foi quando ela disse que ia chamar os amigos que são de galera”, relatou o rapaz.
Enquanto isso, o irmão da adolescente, o também servente de pedreiro Marcos Sampaio Carvalho, 19 anos – o outro maior preso, acusado do crime, que também faz parte da “galera dos Galinhas”, segundo testemunhas – disse que naquele momento havia chegado à residência, conseguiu apaziguar toda a situação e evitar o pior.
As horas passaram e todos, segundo eles, “ficaram de boa”, ingerindo bebida alcoólica. De repente, acionados via telefone pela adolescente irmã de Marcos, o reforço teria chegado: pelo menos cinco integrantes da “galera dos Galinhas”, dentre eles, o adolescente assassinado que saiu do bairro Alvorada para defender a amiga.
“O que meus camaradas não estavam sabendo é que no momento em que minha irmã ligou para eles, eu já havia resolvido tudo e a situação estava controlada. Eles exageraram, não perguntaram o que estava acontecendo e chegaram atacando”, relatou Marcos à reportagem da Folha.
Daí em diante, assim como as informações que chegaram à Delegacia, foi uma enorme confusão. O que se sabe é que o jovem Vallysnei foi morto a golpes de madeira, foice e facas. Ele teve ferimentos no abdômen, peito, nas pernas e na cabeça, provavelmente um desses últimos lhe custaram à vida.
Durante o ataque, Marcos, Juliano e um terceiro, este adolescente, também ficaram feridos, mas nenhum soube apontar de fato quem foram os responsáveis pelos golpes.
Segundo a delegada Suébia Cardoso, responsável pelo procedimento encaminhado ao Plantão de Polícia Especializado (PPE) – finalizado depois das 10 horas deste domingo, dia 19 – pela guarnição da viatura da Ronda no Bairro 4.9, ao todo, cinco foram presos. Além dos maiores de idade, três adolescentes de 13 a 16 anos foram encaminhados ainda ontem ao CSE.
O corpo do jovem que foi gravemente atacado, após o serviço da perícia, foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) e liberado aos familiares após realização de exame de necropsia.
“Meu filho não fazia parte de nenhuma galera, nunca havia se envolvido com a Polícia. Soubemos apenas que ele teria ido dar carona a uma amiga. Espero que todos os acusados por essa barbárie sejam responsabilizados. A informação é de que, pelo menos, sete o mataram”, disse à reportagem o assistente parlamentar Valdivino Ferreira da Silva, 49, pai do adolescente morto.
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