Política

Governadora e pecuaristas vão à ministra contestar auditoria

Em reunião com a ministra da Agricultura, Kátria Abreu, comitiva de Roraima vai contestar relatório que manteve status de médio risco

A governadora Suely Campos (PP) se reúne, nesta quarta-feira, 13, em Brasília, com a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, para tratar do plano de ação para tornar Roraima Área Livre de Febre Aftosa com Vacinação e contestar a auditoria efetuada pelos técnicos do ministério, que manteve preliminarmente o status de Médio Risco.

O governo, as entidades de classe, os empresários rurais e os pecuaristas contestam o resultado da auditoria realizada entre os dias 23 e 27 de novembro de 2015, considerando que naquele ano foram feitos fortes investimentos no setor, para atender todas as recomendações do Ministério da Agricultura.

A comitiva que acompanha a chefe do Executivo estadual é composta pelo presidente da Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr), Vicente Barreto; pelo secretário de Agricultura, Gilzimar Barbosa; pelo presidente da Associação dos Produtores de Roraima, Ermilo Paludo; pelo presidente da Coopercarne, Disney Mesquita e pelo diretor Márcio Grangeiro; pelo presidente da Federação da Agricultura de Roraima (Faerr), Silvio Carvalho; pelo presidente do grupo empresarial Frigo 10, Renato Lopes Primo; e pelo representante do Fundo de Desenvolvimento da Pecuária, Sylvio Botelho.

Conforme dados do governo, somente o Plano de Trabalho referente à febre aftosa recebeu do governo investimentos no valor de R$ 2,8 milhões em 2015, orçamento 136% maior que o do ano anterior. “O governo procurou cumprir com máximo esforço, o acordo firmado com o Ministério da Agricultura. Instituímos a carreira do Fiscal Estadual Agropecuário e contratamos por concurso público mais de 40 fiscais, e outros 150 servidores em geral para o quadro da Aderr. Houve maior aporte de recursos financeiros na instituição e a arrecadação própria da Aderr com as taxas e emolumentos previstos em lei aumentaram 100%, saltando de R$ 660 mil em 2014, para R$ 1,2 milhão em 2015”, disse Suely Campos.

Além disso, a governadora frisou que foram contratadas 18 caminhonetes 4×4 para substituir a frota antiga de apenas oito veículos que estavam avariados. “Foram comprados computadores e outros equipamentos necessários ao serviço. As equipes foram interiorizadas e em todos os municípios do Estado agora temos equipes da Aderr monitorando a situação sanitária das propriedades. Por outro lado, fomos o primeiro estado, entre os que estão sendo avaliados, a concluir o estudo soroepidemiológico para verificação de circulação viral; realizamos um esforço para atualizar o cadastro de propriedades, com georreferenciamento; executamos vacinações assistidas e vigilância ativa nas propriedades em número nunca realizado antes, e os produtores inadimplentes com a vacina foram autuados”, acrescentou.

No total, foram feitas 249 autuações em 2015, um aumento de 100% em relação a 2014. Já a campanha de vacinação atingiu mais de 98% do rebanho e mesmo as comunidades indígenas remotas, cujo acesso se dá apenas por via aérea, foram atendidas em sua totalidade pela Aderr.

“Com todos esses investimentos, a nota de 87 pontos atribuída à Aderr na auditoria é baixa, principalmente se comparada a 2014, quando foi de 77 pontos, com uma estrutura totalmente precária. Aumentar apenas 10 pontos de 2014 para 2015 não reconhece os trabalhos realizados pelo Estado”, argumenta Suely Campos, ao reforçar que vai reiterar estes argumentos diretamente para a ministra, para que ela determine que a avaliação seja refeita.

“Não temos dúvida da capacidade que temos para enfrentar os desafios que a sanidade agropecuária nos impõe. Sabemos que com a atual estrutura da Aderr e a equipe de servidores que dispomos, em curto espaço de tempo teremos o domínio completo do monitoramento sanitário dos rebanhos, do controle do trânsito de animais e dos cadastros de propriedades rurais em Roraima.  É preciso que o Ministério da Agricultura reconheça os avanços, revendo a pontuação atribuída a Aderr, concedendo a Roraima o status de Livre de Aftosa com Vacinação”, acrescentou.

APOIO – A reunião desta quarta-feira, com a ministra Kátia Abreu foi articulada em encontro realizado no gabinete da governadora, no dia 23 de março, com a presença dos pecuaristas. Assim como o governo, os produtores, representados por associações, cooperativas e empresas locais, acreditam que a nota preliminar dada pelo Mapa prejudica o setor.

Naquela ocasião, o presidente da Cooperativa Agropecuária de Roraima (Coopercarne), Disney Mesquita, explicou inclusive que alguns itens foram analisados tecnicamente por assessores contratados pela entidade, o que permitiu fundamentar alguns questionamentos que serão feitos à ministra Kátia Abreu e ao secretário de Defesa Agropecuária do Ministério, Sebastião Costa Guedes.

“Observamos que mesmo com todo o investimento feito no setor e o atendimento total ou parcial de alguns itens, o Mapa manteve a mesma nota dada em 2014. São avaliações em que a gente não consegue entender a metodologia que foi utilizada pelo Mapa. Nós produtores somos prova de que essa mudança aconteceu no setor do ano passado para cá”, declarou.

Segundo Mesquita, durante o processo de evolução que vem desde o nível de Alto Risco até o status atual, de Médio Risco, os produtores notam que a avaliação de Roraima está sempre atrelada ao Amapá e ao Amazonas.

“O problema é que nesta última etapa de evolução para Livre com Vacinação, Roraima teve um trabalho diferenciado, com investimento maciço feito pelo Governo por meio da Aderr. Isso não foi visto no Amapá, Amazonas e parte do Pará. Nosso estado fez o trabalho de forma correta, mas está sendo penalizado, enquanto já poderia ter reconhecimento nacional de Livre de Aftosa com Vacinação”, disse.