A dificuldade de acesso ao crédito decorrente do índice de inadimplência dos boa-vistenses e a diminuição do poder de compra da população foram apontados pela Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) Boa Vista como principais fatores que resultaram na “quebra” do setor comercial e fechamento de empresas no Estado.
De acordo com dados da Junta Comercial de Roraima (Jucerr), foi registrado, em 2015, o fechamento de 451 empresas em Roraima. O levantamento não incluiu o número de estabelecimentos abertos por microempreendedores individuais (MEI).
O presidente da CDL, Edson Freitas, afirmou que os prejuízos ao setor são visíveis. “Na realidade, esta questão está mais fora da normalidade do que era antes. Tudo bem que se abrem empresas e se fecham, mas isso aumentou muito”, disse.
Conforme ele, o problema tem se agravado com a dificuldade de liberação ao crédito e o alto índice de inadimplência. “A inadimplência com relação ao mesmo período do ano passado subiu 8,85% no Estado. Isso é o resultado do endividamento das famílias. Sem crédito não há consumo e, ao mesmo tempo, afeta os comerciantes”, explicou.
Segundo o presidente, as consequências da crise econômica para o setor comercial são o desemprego e o fechamento de lojas. “O acesso ao crédito afeta o consumidor e isso reflete diretamente no comércio, que diminuiu o fluxo de consumidores nas lojas e as vendas diminuem automaticamente, o que gera o desemprego e o fechamento da empresa”, afirmou.
Para tentar driblar esse problema, ele informou que muitos empresários têm apostado nos descontos elevados para aumentar as vendas. “Essa questão dos descontos é uma forma que o lojista tem para manter as vendas mesmo tirando margem de lucro, é para manter a rotatividade. Então, é por isso que o comércio faz as promoções e temos visto algumas bem atrativas”, destacou.
Para Freitas, as expectativas para o setor comercial este ano no Estado não são boas. “Enquanto não se resolver essa crise política, só iremos ver o agravamento e o fechamento de indústrias que fornecem produtos. Tem empresas que não estão mais conseguindo comprar outros produtos de indústrias por não estarem mais conseguindo se manter, e isso vai começar a refletir nas prateleiras, a falta de produtos”, avaliou.
Apesar do cenário desfavorável, Edson Freitas afirmou que ainda vale a pena investir em um negócio. “Vale a pena porque é na crise que nascem as oportunidades. Mas a pessoa tem que pensar bem e planejar antes de abrir um negócio. Tem que pesquisar concorrente dentro e fora do Estado, ver como é praticado na internet, oferecer um diferencial, porque assim se consegue ter êxito”, frisou. (L.G.C)