Polícia

Polícias ocupam Beiral em megaoperação de combate a drogas

Ação reuniu mais de 300 policiais, que cercaram e ocuparam a mais antiga boca de fumo no Centro de Boa Vista

Uma grande ação foi iniciada, por volta de meio-dia de ontem, pelas polícias Civil e Militar no combate às drogas na área Caetano Filho, conhecida como “Beiral”, localizada no Centro de Boa Vista. Chamada de “Operação Babilônia”, foram mobilizadas equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Grupamento de Intervenção Rápida e Ostensiva (Giro), Força Tática, Divisão de Inteligência e Captura (Dicap) da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), Departamento de Repressão a Entorpecentes (DRE) e delegados de distritos policiais, além do Corpo de Bombeiros.

As autoridades chamam de “ação de pacificação do Beiral”, área conhecida como o maior e mais antigo ponto de venda de droga da Capital.  Pessoas e carros que chegavam ou saíam foram abordados pelas equipes. Foram detidas quase 50 pessoas, entre homens e mulheres, suspeitas de praticarem algum ilícito ou envolvimento com o tráfico de droga. A operação ocorreu quatro dias depois que traficantes filmaram e divulgaram as imagens de um capitão da PM fardado comprando droga no Beiral.

Um jovem foi preso por porte ilegal de munição, de revólver calibre 38, encontrada em sua residência. Outro foi flagranteado por tráfico de drogas. Foram demandados 300 policiais militares e civis, 46 viaturas policiais, entre carros e motos. Houve também o auxílio de um helicóptero e embarcações no Rio Branco para fechar as possíveis rotas de fuga de traficantes da região.

De acordo com o comandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC), coronel Egberto Lima, durante coletiva de imprensa, realizada à tarde no auditório da Academia de Polícia, foram realizadas mais de 200 abordagens a pessoas e a 100 veículos. “O principal objetivo da ação policial que desenvolvemos é a redução do tráfico de drogas e, consequentemente, os crimes de roubos e furtos na área central da Capital”, destacou.

O titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), delegado João Evangelista, disse que dos 77 mandados emitidos pela Justiça, quase 50 foram cumpridos, entre busca e apreensão, prisão preventiva, temporária e internações de adolescentes no Centro Socioeducativo. Evangelista disse que um cálculo realizado durante investigações apontou que, em apenas um dia, cada traficante do Beiral arrecada por volta de R$ 3 mil a R$ 4 mil, o que totalizariam o faturamento mensal de quase R$ 1 milhão.

O titular da DRE frisou que foram presos desde chefes, distribuidores de drogas e vigilantes, os famosos “olheiros”. “A comercialização de entorpecente naquela área é muito grande, mas nós sabemos que o Brasil não é produtor de cocaína e também sabemos que existem duas rotas de tráfico diretas para o nosso Estado, uma do Amazonas e outra da Venezuela, que abastece o Beiral, por isso precisamos intensificar as ações nesse sentido”, disse.

Evangelista explicou por que a operação se chama Babilônia. É que no bairro existe uma casa, tida como boca de fumo, em uma abordagem da polícia chamou a atenção uma imagem na parede da residência em que cada letra tinha um significado utilizado pelo tráfico de drogas. Uma delas dizia que os criminosos do tráfico seriam inatingíveis. “Hoje mostramos que eles não são inatingíveis, como umas das letras na imagem da palavra Babilônia dizia”, destacou o titular da DRE.

O secretario estadual de Segurança, coronel Paulo César, que também estava presente à coletiva, ressaltou que as ações policiais continuarão, mas também haverá ações cívico-sociais. “O consumo de drogas foi descriminalizado, por isso o problema precisa ser encarado como patológico”, frisou. (T.C)