Cotidiano

Racionamento na Venezuela atinge Pacaraima

Apagões de três horas têm se tornado frequentes no município roraimense localizado na fronteira do Brasil com a Venezuela

A situação de crise hídrica na Venezuela, potencializada pelo fenômeno climático El Niño, já começa a afetar drasticamente o fornecimento de energia elétrica para o Município de Pacaraima, localizado na região Norte do Estado, na fronteira com aquele país. A cidade fronteiriça depende do fornecimento feito por uma empresa venezuelana.

Conforme denúncia encaminhada na manhã de ontem à Folha, desde o dia 13 que Pacaraima vem enfrentando quase que diariamente racionamento de energia elétrica. As interrupções chegam a durar cerca de três horas, no período da tarde, o que tem prejudicado a população de modo geral.

“Essa interrupção ocorre quase que diariamente, sendo iniciada sempre às 12 horas, indo até as 15 horas. Nesse período de quase três horas, os serviços no município param, porque não há como fazer algo sem energia, e isso tem prejudicado a todos”, comentou um morador.

No início do mês passado, durante participação em uma assembleia geral, o ex-ministro de Minas e Energia da Venezuela, Hector Navarro, afirmou que o nível do reservatório de Guri estaria em situação crítica e, caso houvesse agravamento de estiagem, o País teria capacidade de geração de energia para mais 20 dias.

Em entrevista à Folha na época, o gerente da Eletronorte em Roraima, Roni Franco, tranquilizou a população roraimense, afirmando que tudo não passava de especulações, já que nada oficial por parte do País havia sido apresentado à empresa brasileira.  

No entanto, nos últimos dias, as oscilações na rede de distribuição para a Capital e municípios do interior vêm se intensificando cada vez mais, o que vem preocupando a população. Sem energia, vários serviços de utilidade pública em Pacaraima, como bancos, escolas, telefonia e internet ficam prejudicados, além do comércio, que vez ou outra contabiliza prejuízos por conta das interrupções.

“A primeira coisa que vai embora é o sinal de telefonia móvel, depois a água, que fica sem chegar às torneiras. O pior, é que essa situação de crise no fornecimento por parte da Venezuela é um problema que já é de conhecimento das autoridades, que deveriam ter se mobilizado para fazer alguma coisa. Infelizmente, o resultado está aí, ou seja, a população levando um prejuízo atrás do outro”, afirmou o morador.

GOVERNO – Em nota, Governo do Estado informou que a Companhia Energética de Roraima (Cerr) está buscando, junto à empresa venezuelana Corpoelec, uma solução para o racionamento de energia que vem afetando os moradores de Pacaraima.

Segundo o governo, a estatal roraimense não chegou a ser informada pela Corpolec sobre os desligamentos. “A Cerr adianta que, em contato com a empresa venezuelana, nesta segunda-feira, 25, foi informada, extraoficialmente, que não haverá suspensão do fornecimento no Município de Pacaraima nos próximos dias a partir desta segunda-feira (25), mas alertou para eventuais desligamentos não programados ao longo do mês”, destacou.

A nota ressalta ainda que a Cerr tem conhecimento dos transtornos e prejuízos provocados à população de Pacaraima, mas destacou que a solução definitiva ocorrerá com a integração do Estado de Roraima, com o Sistema Interligado Nacional (SIN), pela linha de transmissão de Tucuruí, através de Manaus (AM). (M.L)