Cotidiano

Doentes são internados no corredor do HGR

Aposentado que teve princípio de AVC no domingo foi internado no corredor em uma maca sem colchão

A falta de leitos no Hospital Geral de Roraima (HGR) continua obrigando funcionários a internar pacientes em macas nos corredores daquela unidade. Familiares de pessoas doentes afirmam que em alguns casos são utilizadas até macas sem colchão. Também relatam que a unidade está desabastecida de material hospitalar e medicamentos.  
No domingo, 19, o aposentado Pedro Cunha deu entrada no Pronto Atendimento Airton Rocha com um princípio de Acidente Vascular Cardíaco (AVC). Após diagnóstico, o médico de plantão determinou que ele deveria ser internado, pois o quadro de saúde era instável. Conforme a filha do aposentado, a auxiliar administrativo Rosângela Parente, o hospital estava lotado e não havia mais leitos disponíveis. “Uma enfermeira nos informou que todos os leitos estavam ocupados, que meu pai seria internado em uma maca no corredor e que quando um leito desocupasse, ele seria transferido”, disse.
Rosângela afirmou que o pai dela foi acomodado em uma maca sem colchão, pois todos os que haviam na unidade estavam ocupados. “Isso é um absurdo! Meu pai não poderia ser submetido a essas condições. Além de estar internado no corredor, podendo ser infectado por uma doença a qualquer momento, ele ainda foi obrigado a deitar sob o ferro frio e desconfortável da maca”, protestou.
Cansada de esperar por uma solução, ela procurou a direção do hospital acompanhada de familiares de outros pacientes que estavam na mesma situação para saber quando que será disponibilizado um leito. “Como meu pai já não aguentava mais a superfície dura da maca, resolvi perguntar quando seria disponibilizado um leito ou se meu pai poderia ser transferido para um dos leitos de retaguarda do Lotty Iris. Para a minha surpresa, informaram-me que ele já estava acomodado em um leito”, disse.
Conforme Rosângela, um servidor da unidade informou que não havia previsão de liberação dos leitos nem de macas. Para resolver o problema, ela levou um colchão para acomodar o aposentado. “Estava cansada de ver o meu pai sofrer e não poder fazer nada. Para deixá-lo mais confortável, trouxe um colchão de casa”, frisou.
MATERIAL E MEDICAMENTO – Durante a aplicação de uma medicação, Rosângela Parente notou que o enfermeiro não utilizou algodão. O funcionário informou que o material estava em falta. “Todo o serviço prestado neste hospital é precário, falta tudo, os pacientes são negligenciados pela falta de estrutura”, reclamou.
Ela relatou que a estrutura do HGR é deficiente. “O hospital disponibiliza apenas os medicamentos básicos. Os demais somos obrigados a comprar e eles custam caro”, relatou a filha do paciente.
SESAU – A assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que o paciente está em situação estável, sendo cuidado por todos os profissionais de plantão e aguardando transferência para um dos blocos.
No caso de pacientes diagnosticados com AVC, conforme a Sesau, é contraindicada a remoção de unidade para outra. “O recomendável e mais seguro é permanecer no hospital devido aos leitos de retaguarda serem apenas para pacientes estabilizados”, diz a nota enviada à Folha.
Afirmou ainda que as macas ficam sem colchões até a ocupação por algum paciente e, logo que seja ocupada e terminados os procedimentos necessários, o paciente aguarda o tempo necessário para que seja preparada, como rege a resolução da Vigilância Sanitária sobre a segurança do paciente.
“Quanto à falta de medicamentos, somente com os nomes será possível averiguar a situação. Segundo a Coordenação-Geral de Assistência Farmacêutica, o abastecimento de algodão na unidade está regular. Lembramos que a direção está à disposição da família para esclarecer dúvidas sobre os procedimentos adotados e reforça que todas as condutas necessárias para manutenção da vida do paciente foram tomadas”, complementou a nota. (I.S)
Pacientes relatam demora de 5 horas no atendimento na Policlínica Cosme e Silva
Pacientes que aguardavam por atendimento na manhã de ontem, 21, na Policlínica Cosme e Silva (PCS), localizada no bairro Pintolândia, zona Oeste, relataram que tiveram que esperar na sala de emergência da unidade por mais de cinco horas. De acordo com os usuários, havia somente um médico no local, o que acabou gerando a demora nos atendimentos.
“Estamos aqui há quase cinco horas e há gente que está esperando há mais tempo. A fila diminuiu, mas a demora continua. Meu filho está há quatro dias vomitando, com febre e dor no estômago e não dão prioridade para ele. É um descaso com a população!”, reclamou a vendedora Natiana Matos.
Outros pacientes se queixavam da falta de remédios na unidade, além do critério usado na realização dos atendimentos. “Não dão prioridade aos mais velhos. Cheguei aqui precisando de remédio e não havia, precisei ser atendido e mandaram-me para o final da fila, como se eu fosse um jovem saudável. Tenho 84 anos, uma saúde frágil e não tenho condições de esperar por atendimento todo esse tempo”, desabafou o aposentado José Biato.
Um funcionário da Policlínica, que não quis se identificar, disse que a demora foi em decorrência da alta demanda naquele horário. “Priorizamos os pacientes em estados mais urgentes. Somente agora pela manhã, por exemplo, recebemos muitas vítimas de acidentes de trânsito em estado grave. Os médicos estão aí, mas priorizam essas pessoas”, afirmou.
UNIDADE – A Policlínica Cosme e Silva foi implantada em 12 de setembro de 1996 e funciona com ambulatório, laboratório e emergência, além de Serviço Social, odontologia, imunização, programa de assistência farmacêutica domiciliar para idosos acima de 60 anos e deficientes físicos, unidade de vigilância epidemiológica e programas de atenção básica, como malária, tuberculose e hanseníase.
A urgência e a emergência funcionam 24h, com nebulização, salas de medicação, sutura e curativo, consultórios médicos, esterilização e serviço de remoção. Na policlínica, o serviço de imunização para casos de emergências funciona 24h.
Em 2012, a Policlínica passou por uma reforma e ampliação com o investimento do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), que custou R$ 452.596. O recurso foi investido na construção da recepção da emergência e sala de raio-x, reforma do telhado, da parte elétrica e hidráulica. A unidade recebe cerca de 400 atendimentos e 150 consultas realizadas todos os dias. No ano passado, a Policlínica ultrapassou os 200 mil atendimentos.
GOVERNO – Em relação à reclamação de pacientes sobre o atendimento na Policlínica Cosme e Silva (PCS), a direção administrativa da unidade informou que na terça-feira o plantão foi iniciado com a presença de três médicos e, posteriormente, complementado com mais um médico plantonista, de forma que estavam atuando quatro profissionais de saúde.
Nos serviços de urgência e emergência, a direção afirmou que foi registrada uma demanda de aproximadamente 300 pessoas, volume acima do habitual. Na unidade é adotada a Classificação de Risco, que prioriza os casos mais graves.
“Desta forma, os pacientes que se encontravam na classificação azul, aquela em que o atendimento deve ser feito na Rede de Atenção Básica, tiveram que aguardar, mas que nenhum paciente deixou de ser atendido”, destacou a nota. (L.C)