Pais e alunos da Escola Estadual Irmã Maria Tereza Parodi, localizado no Residencial Vila Jardim, no bairro Cidade Satélite, zona Oeste da Capital, realizaram, na manhã de ontem, 02, um protesto cobrando da Secretaria Estadual de Educação (Seed) providências para o início do ano letivo naquela unidade escolar.
Conforme eles, a escola deveria ter iniciado suas atividades no dia 25 do mês passado, mas devido a falta de energia elétrica no prédio, as aulas foram adiadas para a primeira semana do mês seguinte. Para a surpresa de todos, o problema ainda não foi resolvido. “Nós queríamos saber cadê o compromisso da Secretaria de Educação com esses alunos porque, do jeito que está, é impossível ficar”, disse a pensionista Elanir Bispo, 51.
Inaugurada este ano, a unidade tem capacidade para atender a cerca de 800 alunos, no período do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, além do 1º ano do ensino médio. Construída com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e Caixa Econômica Federal (CEF), a escola possui ainda 12 salas de aulas, biblioteca, laboratório de informática, sala de professores, mini auditório, sala multifuncional, refeitório, pátio e quadra de esporte coberta.
Sem funcionamento, muitos pais temem que os alunos venham a se prejudicar com o pagamento das aulas do calendário escolar de 2016. “O fato é que estamos revoltados porque eles já estão perdendo aulas. Toda a rede estadual foi prejudicada no ano passado por conta da greve e, quando a gente acha que está tudo resolvido, acontece de não ter aula por conta desse problema. Todos aqui são pais de família, preocupados com a educação de seus filhos, ansiando para que eles sejam cidadãos bons no futuro, mas não temos essa contrapartida. Vão prolongar ainda mais o calendário escolar para prejudicar ainda mais os alunos”, comentou o vigilante Fredson Mendes, 35.
Durante o período da manhã, equipes da Eletrobras Roraima estivem no local, realizando os serviços de implantação de postes de energia. Segundo o secretário da unidade, Reginaldo Nascimento, a previsão é de que as aulas iniciem na quarta-feira.
“A Eletrobras já está colocando os postes para fazer a ligação da energia elétrica. Essa demora só ocorreu por conta de uma ordem vinda de Brasília. Infelizmente, a direção não tem culpa da liberação da ligação elétrica ter saído somente agora. Os pais ficam nos xingando, mas a gente também é tão vítima quanto eles”, disse.
OUTROS PROBLEMAS – Além do adiamento das atividades na Escola Estadual Irmã Maria Tereza Parodi, moradores do Vila Jardim relaram outros problemas no bairro. Um deles seria a ausência de unidades básicas de saúde (UBS) mais acessíveis para quem mora naquela região.
Segundo a dona de casa Gláucia Carvalho, 29, havia promessas de que uma UBS seria construída próxima ao residencial, mas até o momento nada foi feito. “Até hoje não vi nem construção, nem lugar que talvez seja implantada”, informou.
Outro problema seria a Rua Cassiopéia, principal via de acesso ao residencial. Parte da rua não foi asfaltada, o que tem criado situação de incômodo entre os populares. “Eles só asfaltaram metade da avenida, enquanto a outra parte está complemente no chão batido. Infelizmente a situação piorou por causa da chuva e a Prefeitura teve tempo de sobra para resolver essa situação”, relatou morador.
Os moradores cobram também maior reforço de policiamento no local. Segundo eles, apenas uma viatura do Ronda no Bairro é responsável pelo patrulhamento ostensivo na região, quantidade esta considerada insuficiente. “O Ronda no Bairro até passa, mas se tivesse mais uma viatura e mais policiais, daria maior segurança aos moradores. Uma viatura só não dá suporte ao conjunto. A gente precisa de um patrulhamento mais presente”, ressaltou Gláucia Carvalho.
GOVERNO – Por meio de nota, o Governo do Estado informou que o adiamento das aulas na unidade escolar se deu em função da instalação da rede elétrica. A previsão é de que as atividades tenham início nesta quarta-feira, 04.
“A equipe da Eletrobras Distribuição Boa Vista está trabalhando desde a semana passada e a previsão é de que o serviço seja concluído ainda nesta segunda-feira, 02. A Seed ressalta que os alunos não serão prejudicados, pois haverá reposição de aulas desses dias”, destacou.
Em relação à segurança em todo o perímetro do Residencial Vila Jardim, o governo ressaltou que a Polícia Militar de Roraima vem realizando uma série de levantamento dos bairros com o maior número de incidência de ocorrências para realizar operações que visem coibir a criminalidade nestes locais.
Afirmou também que os trabalhos de policiamento ostensivo estão sendo feitos de forma contínua, com o patrulhamento do Ronda em todos os bairros da Capital, o que inclui o Cidade Satélite e Residencial Vila Jardim, inclusive com o aumento do efetivo por causa da instalação de uma unidade do Grupamento Independente de Intervenção Rápida Ostensiva (Giro), na entrada do bairro.
A nota destaca que, na sexta-feira, 27, o comandante do Comandando de Policiamento da Capital (CPC), coronel Egberto Lima, esteve reunido com representantes do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) e moradores do Residencial Vila Jardim para tratar das ações de Polícia Comunitária, bem como estreitar laços com a comunidade a fim de verificar, identificar, priorizar e resolver os problemas recorrentes na área.
“Mesmo levando em consideração o aumento da população no bairro, com a implantação do residencial, a Polícia Militar registrou redução de 30% na incidência de crimes na região, principalmente nas ocorrências que envolvem poluição sonora, Maria da Penha, vias de fato, ações de galeras, entre outros”, frisou.
PREFEITURA – Em nota, a Prefeitura de Boa Vista explicou que a Secretaria Municipal de Obras e Urbanismo asfaltou o trecho da rua Cassiopéia que dá acesso às principais vias do conjunto e que estuda uma maneira de incluir o restante da via em projetos futuros.
Com relação ao posto de saúde, disse que já existe um projeto para a construção de uma nova unidade no bairro Cidade Satélite, mas frisou que todo programa de construção de novas unidades básicas de saúde é custeado pelo Governo Federal. “O município aguarda a liberação de recurso para executar o projeto”, frisou. (M.L)