O Hospital Geral de Roraima (HGR) voltou a cancelar cirurgias eletivas, aquelas que não são de emergências, segundo denúncias enviadas à Folha por familiares e pacientes internados na maior unidade de saúde do Estado. Segundo eles, a suspensão das cirurgias é por falta de material.
Márcio Soares, morador do Município de Rorainópolis, no Sul do Estado, acompanha sua esposa que aguarda há uma semana ser atendida no HGR depois de ter fraturado o antebraço. “Quando perguntamos se tem previsão de atendimento, dizem que não tem nem expectativa, mas talvez daqui a 15 dias”, disse.
Segundo ele, a falta de material seria o motivo da suspensão das cirurgias. “Já procuramos a direção do hospital e eles afirmaram que não tem material nenhum para fazer cirurgias ortopédicas e que ainda estão providenciando, mas que não tem data para esse material chegar”, disse.
Ele relatou que existem outros pacientes aguardando atendimento há muito mais tempo. Citou um paciente que mora na Vila Colina, também em Rorainópolis, que está há 18 dias internado no HGR por conta de uma fratura no fêmur e ainda não passou por procedimento cirúrgico.
“Ele me disse que está preocupado porque foi informado que não há previsão de quando passará por cirurgia e está com medo de contrair uma infecção no hospital”, disse. Em outro caso, ele informou que uma paciente está internada desde a semana passada com fraturas nos dois braços, após um acidente automobilístico, que estava com cirurgia marcada para a segunda-feira, 2, e foi informada naquele mesmo dia que, pela falta de material, o procedimento não poderia ser feito.
Outro familiar de paciente internada afirmou que estão sendo bem atendidos, mas a falta de material preocupa por conta do risco de infecção hospitalar por quem está internado. “Pretendemos fazer denúncia no Ministério Público do Estado”, afirmou.
Governo diz que empresa deixou de entregar 163 itens de material
Em nota, o Governo de Roraima informou que a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) está adotando todas as medidas para retomar o quanto antes a realização das cirurgias eletivas, ou seja, aquelas em que os pacientes podem esperar por não haver risco iminente de complicações mais preocupantes. “São pacientes que aguardam pelo procedimento em casa, salvo exceções”, informou.
Segundo a Sesau, a medida foi necessária para garantir que as cirurgias de urgência, que envolvem risco imediato de morte, não sejam afetadas e continuam sendo realizadas normalmente. “Isso porque a empresa vencedora da licitação para fornecimento de material médico-hospitalar deixou de entregar 163 itens previstos na compra, provocando uma redução no estoque”, explicou.
A Sesau afirmou que está adotando todas as medidas previstas na Lei 8.666/13, a Lei de Licitações, para garantir que a empresa cumpra o contrato, sob risco de ser penalizada. “Com normalização do estoque, o que está previsto para ocorrer nos próximos dias, as cirurgias de pacientes que não correm risco iminente de morrer serão reagendadas e os pacientes serão contatados pelo setor de agendamento do Hospital Geral de Roraima”, frisou. (RR).