Em dois dias de greve dos agentes de endemias e agentes comunitários de saúde do Município de Boa Vista, pelo menos 80 mil residências ficaram sem atendimento dos serviços de prevenção ao controle do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, com buscas e visitas nas residências, além de visitas aos hipertensos, diabéticos, crianças menores de 2 anos, gestantes e a pacientes com deficiência física e mental.
A informação é do presidente do Sindicato dos Agentes de Saúde e Endemias (Sindacse), Flavinei Mesquita. “Isso é um prejuízo enorme para a população, que precisa da assistência e das visitas dos agentes de endemias e agentes comunitários de saúde. Nossa intenção é que se resolva logo essa questão e os servidores voltem a realizar esse trabalho junto à população”, afirmou.
Ele ressaltou que a categoria relutou em não fazer a greve justamente para não deixar a população desassistida e culpou a falta de diálogo da Prefeitura como motivo principal para deflagrar a greve. “Não queríamos chegar a essa situação. Falei isso ao secretário de Saúde na reunião que tivemos ontem [segunda-feira], mas não houve acordo por parte da Prefeitura. Como não houve uma política de valorização do trabalhador e nem a concretização das propostas apresentadas e pré-acordadas anteriormente, sem o cumprimento desse acordo, o resultado foi a paralisação dos serviços”, frisou.
Da reunião que ocorreu na tarde de segunda-feira com o secretário municipal de Saúde, Rodrigo Jucá, dos 15 pontos apresentados na pauta de reivindicação dos grevistas, nove foram acolhidos pela Prefeitura e cinco já foram atendidos, entre eles a realização do seletivo para contratação de novos agentes de saúde, revisão do auxílio transporte e vale alimentação.
“O secretário Rodrigo Jucá viu a necessidade de contratação com urgência, embora tenha destacado que o momento financeiro inviabiliza a rapidez, mas garantiu que será aberta uma licitação e contratada uma empresa para ingressar mais agentes de saúde no Município”, disse o sindicalista.
Porém Mesquita afirmou que quer garantias de que a lei que trata das alterações seja alterada por meio de projeto encaminhando à Câmara de Vereadores até o dia 1º de junho. “Não queremos apenas um acordo em ano político, e que outro prefeito não venha a cumprir depois. Queremos mudanças na lei garantido estes direitos. Vamos dar um prazo de 14 dias para que essas promessas aconteçam. Ou seja, a Prefeitura tem até o dia 1º de junho para encaminhar o projeto para a Câmara. Caso contrário, vamos voltar a fazer as concentrações de greve”, frisou
Flavinei Mesquita confirmou que a greve continua e que serão suspensas apenas as concentrações que estavam programadas para as unidades de saúde do Município. A concentração realizada na terça-feira, em frente ao Centro de Saúde Olenka Macelaro, na avenida Mário Homem Melo, no Caimbé, zona Oeste, foi mantida para demonstrar que, caso as demandas não sejam atendidas, a greve será mantida por tempo indeterminado.
“Falta formalizar, colocar no papel e assinar o que foi pactuado e acordado para poder definir o fim da greve”.
Entre as principais reivindicações que motivaram a greve estão o auxílio alimentação; contratação de mais 150 agentes de combate a endemias e mais 100 agentes comunitários de saúde; reajuste do auxílio fardamento em 30%; a formação de uma equipe de perícia médica para avaliar a saúde dos trabalhadores; o zoneamento dos agentes de endemias; e o enceramento dos arrastões em bairros diferentes de seus setores. (R.R)