Cotidiano

Moradores do João de Barro vivem em área sem infraestrutura básica

Embora moradores digam que o local se trata de bairro, Prefeitura de Boa Vista afirma que área é uma ocupação irregular no Cidade Satélite

Ruas esburacadas e sem asfalto, energia elétrica improvisada, ausência de água encanada e de saneamento básico são algumas das realidades com as que os moradores da área João de Barro, localizada na zona Oeste, são obrigados a lidar diariamente. Essa ocupação é um projeto de interesse social que foi decretado em 2011. Atualmente, cerca de 5.300 associados já possuem seus lotes no local, que fica depois do bairro Cidade Satélite.

Uma moradora disse que, ao comprar o lote onde reside há mais de cinco anos, já ouvia promessas de que haveria uma infraestrutura básica. Ainda hoje a energia elétrica de sua casa é proveniente de “gato”, e a água é fornecida uma vez na semana, ou de 15 em 15 dias, pela Associação dos Trabalhadores Sem Teto (ATST). “Quando eles não dão, precisamos comprar. Tem uma senhora no bairro que vende água. A água que eu uso para cozinhar e beber, eu pego na casa da minha cunhada, no Cidade Satélite”, relatou.

Outro morador, que também preferiu o anonimato, relatou que, desde que se mudou, há quatro meses, sofre com a questão da água e do tratamento de esgoto. “A água para beber e cozinhar é a mineral, que eu tenho que comprar. Fora isso, já fui abastecido com caminhão-pipa, mas até trazer aqui é um problema com essas ruas”.

Há anos os moradores esperam atitudes dos órgãos competentes em relação à infraestrutura básica. Como resposta, ouvem que os processos já estão em andamento na Prefeitura de Boa Vista e na Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur).

MAIS PROBLEMAS – A falta de escolas, creches e postos de saúde também são uma realidade para a população do João de Barro. Atualmente, uma Van faz a rota para buscar as crianças em casa para levá-las à escola e, no final da aula, levá-las de volta para casa. A moradora afirmou que isso foi conquistado pelas próprias mães da comunidade. “Nós nos reunimos e conseguimos, por meio  de parcerias, trazer esse transporte”, frisou.

ASSOCIAÇÃO – Em ação desde o início da habitação no João de Barro, em 2010, a coordenadora regional da Associação dos Trabalhadores Sem Teto (ATST), Nagilla Travasso, disse que para a aprovação do loteamento é preciso passar pela descaracterização, consulta prévia e aprovação. Após esse processo, as obras de infraestrutura poderão ser iniciadas. Um processo já foi encaminhado para a Emhur e os moradores estão no aguardo.

Os lotes vendidos pela ATST são mantidos pela Lei de Interesse Social. A regularização ocorre pela própria entidade perante os demais órgãos municipais. “Como a área é de expansão urbana, a responsabilidade da infraestrutura é da Prefeitura e do Governo. Nós sempre passamos por essas situações de cobrança dos moradores. Realizamos reuniões, mas eles não comparecem e assim não ficam por dentro da realidade”, frisou.

PREFEITURA – Em nota, a Prefeitura de Boa Vista informou que a área João de Barro pertence ao bairro Cidade Satélite, é particular e trata-se de uma ocupação irregular. Frisou que a instalação da infraestrutura no local depende da regularização do loteamento junto à Emhur.

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