O Hospital Geral de Roraima (HGR) voltou a ser alvo de denúncia relacionada à falta de medicamentos e material médico-hospitalar. A família de uma paciente que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no interior do Estado e foi transferida para Boa Vista relatou o drama que ela vem vivendo na principal unidade médica de Roraima.
“A situação é desesperadora porque falta tudo”, relatou o leitor Diones Batista, de 39 anos. Segundo explicou, a mãe dele, Maria Raimunda Batista dos Santos, de 62 anos, sofreu o AVC no dia 20 deste mês na Vila Nova Colina, no Município de Rorainópolis, Sul do Estado. Levada para o Hospital Ottomar Pinto, naquela cidade, devido à complexidade dos danos causados pelo AVC a paciente precisou ser transferida para a Capital.
No HGR, passou por exames de ressonância magnética e, segundo Diones, o neurologista que avaliou o quadro clínico da paciente receitou um medicamento chamado Vasodipina, utilizado na regulação de artérias cerebrais, porém, a medicação estava em falta no HGR.
“A minha mãe deu entrada no trauma no dia 21 e só no dia 23 a equipe médica me confirmou a falta desse medicamento. Eu fico me questionando o porquê de não avisarem que era uma medicação de extrema urgência. E outra coisa: quem é assalariado não tem condições de arcar com esse custo. Só para se ter uma ideia, a caixa desse medicamento custa R$ 45,00 e ela tem que tomar dois comprimidos de quatro em quatro horas. Então, como uma pessoa que ganha um salário mínimo vai ter condições de comprar um remédio desse?”, questionou.
Além da falta de medicamentos, Diones Batista denunciou a falta de material médico-hospitalar, como escalpes, fraldas geriátricas, gaze, entre outros itens utilizados para a realização de procedimentos básicos. “É dever do Estado manter a saúde púbica funcionando, só que tenho observado um verdadeiro descaso com o cidadão. Minha mãe perdeu os sentidos, ela não fala, não reconhece as pessoas, perdeu os movimentos da parte direita e não tem sequer material hospitalar para os pacientes. Isso é um absurdo! As autoridades precisam tomar providências em relação a esse caos na saúde”, reclamou.
ENFERMEIROS – A denúncia feita pela leitora corrobora com o que vem cobrando os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem ligados ao Sindicato dos Profissionais em Enfermagem de Roraima (Sindpef), que ameaçam entrar em greve.
Uma paralisação de advertência de 24 horas está marcada para o dia 07 de junho, devendo atingir 70% dos serviços executados nas unidades da Capital e municípios do interior. Após 72 horas da paralisação, no dia 10, os servidores deverão entrar em greve por tempo indeterminado caso suas reivindicações não sejam atendidas.
Eles cobram melhoria nas condições de trabalho nas unidades de saúde, o que inclui reposição de materiais hospitalares e medicamentos para realização das atividades dos profissionais. Outros pontos de reivindicação incluem o pagamento de progressões, enquadramentos e pagamento de auxílio-alimentação.
SESAU – Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que começou a receber medicamentos e material médico-hospitalar para abastecer todas as unidades de saúde da rede estadual. Ressaltou que em até 45 dias a situação estará normalizada.
Conforme a Sesau, o não abastecimento nas unidades de saúde se deu em razão do não cumprimento do prazo de entrega de material médico-hospitalar pela empresa que venceu o processo licitatório, que ganhou 55% de todo o processo, equivalente a R$ 35 milhões. A secretaria abriu novo processo eletrônico para aquisição de 12 itens essenciais, dentre eles gaze, avental, compressa, touca, proper (proteção para os pés/calçados) e máscara, totalizando R$ 2 milhões.
Com relação ao medicamento Vasodipina, a nota esclarece que o processo licitatório de aquisição deu “deserto”, ou seja, não teve nenhuma empresa habilitada para fornecer a medicação. Contudo, um novo processo foi iniciado.
Quanto à paralisação dos profissionais de enfermagem, a nota destaca que a Sesau vai aguardar a notificação oficial por parte do Sindpef, mas ressaltou que o Governo do Estado mantém um bom diálogo com o sindicato que representa a categoria. (M.L)